Censo 2022 revela que 16,4 milhões de brasileiros vivem em favelas, com perfil predominantemente jovem e negro. Maioria reside no Sudeste; Rocinha lidera em população
Quase 8% da população em favelas
O Censo 2022 divulgado hoje (8), pelo IBGE revelou dados alarmantes sobre as condições de moradia no Brasil: cerca de 16,4 milhões de pessoas, ou 8,1% da população, vivem em favelas. Esses dados apontam para a crescente urbanização e desigualdade social no país, com a maior parte dessas comunidades concentrada em áreas urbanas. As favelas representam localidades com insegurança jurídica da posse e infraestrutura urbana precária, onde faltam serviços públicos adequados e padrões de urbanização planejada.
A maior concentração de moradores de favelas está na região Sudeste, que abriga 43,4% da população em comunidades, com São Paulo e Rio de Janeiro à frente. Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera com 3,6 milhões de moradores, seguido pelo Rio de Janeiro com 2,1 milhões. Esses estados, junto com o Pará, somam quase 45% dos habitantes em favelas do país. A Rocinha, no Rio de Janeiro, é a maior dessas comunidades, com 72 mil moradores, um exemplo emblemático da vida urbana marginalizada.
Perfil da população
O perfil demográfico das favelas difere substancialmente do restante da população brasileira, sendo majoritariamente jovem e composto por pessoas pretas e pardas. Enquanto na população geral as pessoas pretas e pardas representam 55,5%, nas favelas essa proporção aumenta para 72,9%, evidenciando uma desigualdade racial em relação ao acesso a habitações seguras e serviços básicos. Por outro lado, apenas 26,6% dos moradores de favelas são brancos, comparado a 43,5% da população geral.
A juventude é outra característica predominante. O índice de envelhecimento nas favelas foi de 45 idosos para cada 100 crianças, contra 80 idosos no total da população brasileira. A idade mediana dos moradores de favelas é de 30 anos, cinco anos a menos que a média nacional de 35. Esses dados apontam que as favelas são territórios ocupados majoritariamente por jovens, o que pode gerar um desafio para políticas de habitação e inclusão social.
Condições de vida nas favelas
A infraestrutura nessas comunidades ainda é um desafio. O levantamento do IBGE mostrou que 96,1% das habitações são casas, mas a coleta de lixo regular atinge apenas 76% dos domicílios. Além disso, 61,5% das residências têm esgotamento sanitário adequado, enquanto a média nacional é de 65%. Esse déficit de serviços básicos demonstra a necessidade de investimentos e políticas públicas focadas em melhorar a qualidade de vida desses milhões de brasileiros.
A pesquisa ressalta que, embora a maioria dos domicílios em favelas esteja conectada à rede de abastecimento de água, a precariedade nas condições de saneamento e na coleta de resíduos compromete o bem-estar dos residentes. Assim, os dados do Censo 2022 revelam um panorama preocupante, que reforça a importância de políticas públicas voltadas para a urbanização de favelas e a melhoria da qualidade de vida para os que habitam esses territórios marginalizados.