Justiça manda Google quebrar sigilo para identificar autor de ameaças de morte ao youtuber Felca após denúncia contra Hytalo Santos
Decisão judicial pressiona Google
A Justiça de São Paulo determinou neste domingo (17) que o Google forneça dados de identificação do responsável por enviar e-mails com ameaças de morte ao youtuber Felca. O juiz Pedro Henrique Valdevite Agostinho assinou a decisão liminar em regime de plantão e fixou prazo de 24 horas para o cumprimento. O magistrado destacou que as mensagens continham conteúdo explícito de intimidação e exigiam resposta imediata para garantir a segurança do influenciador. Os e-mails foram enviados na madrugada de sábado e mencionavam diretamente o vídeo em que Felca denuncia crimes atribuídos ao influenciador Hytalo Santos. As mensagens incluíam frases como “você vai pagar com a sua vida” e “prepara para morrer”. Para a Justiça, as ameaças mostraram clara intenção de silenciamento por intimidação.
A Justiça intimou o Google a repassar endereços de IP, portas de acesso, data e horário de uso, além de eventuais dados cadastrais do remetente. Em caso de descumprimento, a empresa poderá ser multada em R$ 2 mil por dia, até o limite de R$ 100 mil. O juiz rejeitou pedido para que o processo corra em segredo de Justiça, destacando interesse público no caso. A defesa de Felca comemorou a rapidez da decisão, concedida apenas 29 minutos após o protocolo. O episódio expõe novamente o debate sobre responsabilidade das plataformas digitais frente a crimes de ódio e ameaças.
Escalada de ameaças após denúncias contra Hytalo Santos
Felca, cujo nome verdadeiro é Felipe Bressanim Pereira, tornou-se alvo de ataques virtuais após denunciar Hytalo Santos por exploração sexual de menores. Desde a prisão de Hytalo e do marido, Israel Nata Vicente, na sexta-feira (15), o youtuber relata receber ameaças diariamente. De acordo com seu advogado, João de Senzi, as mensagens são numerosas e variam entre difamações e intimidações graves. Para garantir a própria integridade, Felca passou a circular em carro blindado e com escolta profissional. O advogado afirmou que reunirá todas as ameaças em um boletim de ocorrência unificado para facilitar a investigação policial.
Em agosto, Felca já havia obtido decisão para a quebra de sigilo de mais de 200 perfis que o acusaram falsamente de pedofilia. A Justiça também autorizou pedidos semelhantes em redes sociais e junto a operadoras de telefonia, demonstrando a continuidade do cerco judicial. O caso trouxe visibilidade para práticas criminosas online que costumam permanecer no anonimato. Para a defesa, a resposta rápida do Judiciário ajuda a conter a escalada de hostilidade contra vítimas e denunciantes. O episódio também reforça o risco enfrentado por influenciadores digitais quando expõem crimes graves em seus canais.
Repercussão e impacto no debate público
O vídeo de Felca denunciando os crimes de Hytalo já ultrapassou 46 milhões de visualizações no YouTube. O influenciador afirmou ter nojo absoluto de crimes sexuais contra menores e destacou a gravidade do problema. Ele também criticou o uso banalizado da palavra pedofilia, que segundo ele prejudica a luta contra criminosos reais. Felca defende que levem cada denúncia a sério, pois elas envolvem vítimas que raramente têm voz. A decisão judicial de domingo foi recebida como um marco de proteção à liberdade de expressão online.
Especialistas em direito digital apontam que ordens rápidas de quebra de sigilo podem ser decisivas para identificar criminosos virtuais. A pressão pública também coloca em foco a responsabilidade das big techs em colaborar com autoridades. Até o momento, o Google não se manifestou oficialmente sobre a decisão do TJ-SP. O caso se soma a outros episódios recentes em que a Justiça brasileira exigiu transparência de plataformas digitais. Para o advogado de Felca, a batalha judicial ainda está longe do fim, mas a liminar já representa uma vitória contra o discurso de ódio. O episódio poderá impulsionar novos debates no Congresso sobre regulação das plataformas digitais.