Maguila, lenda do boxe brasileiro, morre aos 66 anos vítima de demência pugilística. Sua carreira e conquistas marcaram a história do esporte no Brasil
Adilson “Maguila” Rodrigues, um dos maiores nomes do boxe brasileiro, morreu nesta quinta-feira (24) aos 66 anos, vítima de encefalopatia traumática crônica (ETC). A doença, causada por repetidos golpes na cabeça ao longo de sua carreira, fez com que o ex-pugilista fosse internado em uma clínica em Itu, São Paulo, onde viveu os últimos sete anos sob cuidados médicos.
Maguila foi um fenômeno no boxe, conquistando fãs pelo Brasil e pelo mundo. Com um impressionante cartel de 85 lutas, ele venceu 77, sendo 61 por nocaute. Entre suas maiores conquistas estão os títulos de campeão brasileiro, sul-americano e mundial pela Federação Mundial de Boxe (FMB). Suas lutas contra grandes nomes como Evander Holyfield e George Foreman marcaram a sua carreira e consolidaram seu nome no hall da fama do boxe.
A ascensão de Maguila no boxe
Maguila começou sua carreira no boxe com a ajuda do empresário e narrador esportivo Luciano do Valle, que foi um dos grandes responsáveis por levar o atleta aos ringues. A parceria foi fundamental para que o pugilista fosse treinado pelo renomado Angelo Dundee, que havia treinado lendas como Muhammad Ali. Com sua força e determinação, Maguila rapidamente se destacou no cenário internacional, vencendo seus primeiros 14 combates de forma consecutiva entre 1983 e 1985.
Apesar de ter enfrentado críticas pela qualidade técnica de alguns de seus adversários, Maguila provou sua capacidade ao conquistar o Campeonato Sul-Americano dos pesos-pesados. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, enfrentou desafios ainda maiores, como suas lutas contra Holyfield e Foreman. Embora tenha sido derrotado por ambos, essas batalhas o colocaram entre os grandes da história do boxe mundial.
A vida após os ringues
Após sua aposentadoria, Maguila seguiu uma carreira na televisão, tornando-se uma figura folclórica e muito querida no Brasil. Ele participou de programas de humor, como o “Show do Tom”, e também trabalhou como comentarista esportivo. Além disso, gravou um CD de samba intitulado “Vida de Campeão”, mostrando seu lado artístico fora dos ringues.
Em 2013, Maguila foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, que trouxe um longo e doloroso declínio em sua saúde. A doença, comum entre boxeadores, tem sintomas semelhantes ao Alzheimer e é resultado dos traumas repetitivos sofridos durante as lutas. Sua esposa, Irani Pinheiro, sempre esteve ao lado dele, cuidando e acompanhando sua evolução durante os anos de internação.
A morte de Maguila deixa uma lacuna no esporte brasileiro. Sua dedicação e carisma nunca serão esquecidos pelos fãs, e sua trajetória serve de inspiração para as futuras gerações de pugilistas.