Aneel oferece 50% de desconto para usinas anteciparem R$ 8,8 bi. O objetivo é reduzir encargos na conta de luz em 2026
Detalhes do acordo financeiro e prazos de pagamento
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) formalizou uma proposta estratégica ao longo deste fim de semana. O plano é voltado para um grupo específico de trinta e quatro hidrelétricas. A agência oferece um desconto significativo para a quitação antecipada de débitos pendentes. Essas dívidas referem-se aos encargos mensais pelo Uso de Bem Público (UBP). As empresas que aceitarem os termos poderão pagar até 50% menos. O montante total da dívida futura soma hoje aproximadamente R$ 17,95 bilhões. Com o desconto aplicado, a arrecadação total seria de cerca de R$ 8,8 bilhões.
A Lei 15.235, promulgada em outubro deste ano, ampara essa manobra financeira. A negociação envolve apenas usinas que possuem contratos de concessão mais antigos. As empresas devem realizar o pagamento em parcela única para validar o acordo proposto. Não existe opção de parcelamento sob essas condições específicas oferecidas pela agência. As empresas têm um prazo de 60 dias para analisar a proposta detalhadamente. Caso concordem, um termo aditivo deverá ser assinado em até 20 dias. A injeção imediata de recursos é vista como crucial para o equilíbrio do setor.
Impacto na conta de desenvolvimento energético e tarifas
O objetivo central dessa arrecadação extraordinária é beneficiar diretamente o consumidor final de energia. O governo direcionará os recursos obtidos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Essa conta custeia diversos subsídios do setor e políticas públicas como o Luz Para Todos. A CDE tem sido um fator de grande pressão nas contas de luz recentemente. Em 2025, o custo dessa conta chegou a quase R$ 49,2 bilhões. Isso representa um aumento de 32% em relação aos números do ano anterior. Ao injetar R$ 8,8 bilhões, o governo espera segurar reajustes tarifários em 2026.
A Aneel estima que os encargos já compõem quase 20% da conta de energia. Esse componente específico cresceu 268% ao longo dos últimos 15 anos no país. Reduzir esse peso é essencial para manter a modicidade tarifária para a população. A medida funciona como um alívio financeiro para evitar aumentos de preço mais bruscos. Contudo, o impacto exato na tarifa depende diretamente da taxa de adesão das empresas. A diretoria da agência decidirá posteriormente a melhor forma de distribuir esses recursos.
Critérios de elegibilidade e reação do setor elétrico
A proposta visa usinas leiloadas sob modelos de concessão antigos dos anos 2000. Projetos mais novos como Belo Monte ficam de fora por terem estruturas contratuais diferentes. Entre as usinas elegíveis está a hidrelétrica de Barra Grande, na região Sul. Sua dívida pode cair de R$ 569 milhões para cerca de R$ 209 milhões. Outro exemplo relevante é a usina Foz do Chapecó com desconto potencial milionário. O cálculo do desconto considera data do leilão, potência instalada e tempo restante de concessão. Associações do setor participaram ativamente das discussões para ajustar os termos do acordo.
Grupos como a Abrage e a Apine veem a proposta geral como positiva. No entanto, alguns parâmetros foram criticados por reduzir a atratividade financeira do programa. Apesar disso, a agência acolheu ajustes pontuais solicitados por essas entidades representativas do setor. Cabe agora a cada empresa avaliar a viabilidade financeira de forma individual e estratégica. O sucesso da medida depende inteiramente da adesão voluntária dessas companhias de geração. O mercado aguarda a publicação oficial dos valores exatos para tomar decisões finais.







