Após Trump investigar o Pix, governo reage com ironia nas redes e reforça soberania sobre sistema de pagamentos mais usado no Brasil
Entenda como começou o atrito comercial entre Brasil e EUA
As tensões entre Brasil e Estados Unidos aumentaram após uma iniciativa do governo de Donald Trump. Nesta terça-feira (15), o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou uma investigação comercial contra o Brasil. O inquérito foi aberto com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Segundo o USTR, o Brasil estaria favorecendo indevidamente sistemas desenvolvidos pelo governo, como o Pix. Isso, segundo os americanos, prejudicaria a competitividade de empresas como Apple Pay e Google Pay.
A investigação também mira outras áreas, como pirataria, desmatamento, concessão de patentes e tarifas sobre etanol. Além disso, Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O governo Lula reagiu com indignação, classificando a medida como política e sem base técnica.
O Pix e a resposta bem-humorada do governo brasileiro
Nesta quarta-feira (16), o governo brasileiro usou as redes sociais para responder com ironia à ofensiva americana. Em uma publicação no Instagram, o perfil oficial do Governo Federal compartilhou a frase: “O Pix é nosso, my friend”. A imagem veio acompanhada de um texto provocativo, sugerindo que os EUA estariam com “ciúmes” do sistema brasileiro. O conteúdo reforça que o Pix é “Seguro, Sigiloso e Sem taxas”, além de símbolo da soberania nacional.
A publicação rapidamente viralizou, sendo interpretada como uma forma de comunicação leve, porém firme. O tom bem-humorado busca tranquilizar os brasileiros quanto à continuidade do Pix. Ao mesmo tempo, serve como recado político de que o país não aceitará pressões externas. O governo prepara uma resposta técnica para apresentar às autoridades americanas.
Pix movimenta trilhões
O Pix foi criado pelo Banco Central em 2020 e já ultrapassou 175 milhões de usuários. Em 2024, o sistema movimentou mais de R$ 26,4 trilhões em transferências. Ele se tornou o principal meio de pagamento no país, superando cartões e boletos. Pessoas físicas utilizam o serviço sem pagar taxas, o que amplia sua adesão.
O sistema também facilita transações entre empresas e o setor público. Além de eficiente, o Pix é visto como exemplo de inovação tecnológica nacional. Para o governo, o sucesso do Pix representa independência frente a grandes plataformas estrangeiras. A reação americana acende um alerta, mas também reforça a importância do sistema no cenário global.
O que esperar dos próximos capítulos
Uma audiência pública sobre a investigação está marcada para 3 de setembro, em Washington. Até lá, o governo Lula prepara argumentos técnicos para apresentar aos EUA. A expectativa é de articulação conjunta entre Itamaraty, Fazenda, Justiça e Banco Central. O Brasil também estuda acionar a Organização Mundial do Comércio caso haja retaliações.
Fontes do Planalto consideram a investigação um “factoide”, usado para pressionar acordos. Analistas acreditam que Trump tenta agradar setores internos críticos ao Brasil. Enquanto isso, o Planalto quer evitar alarmismos e garantir que o Pix siga funcionando normalmente. A disputa pode se intensificar, mas o governo promete firmeza na defesa da soberania digital.