Globo grava piloto de microdrama vertical com Jade Picon, formato ágil feito para celular que conecta a emissora ao público jovem e digital
Origem do formato vertical
Recentemente virou febre o novo modelo de novelas verticais, um formato pensado para o consumo direto em celulares, com episódios curtos, linguagem rápida e ganchos envolventes. O fenômeno começou na China, onde essas produções, conhecidas como duanju, atraíram milhões de espectadores e transformaram o mercado audiovisual local. A proposta é simples: capítulos de até dois minutos, sempre concluídos com viradas dramáticas que obrigam o público a assistir ao próximo episódio. Esse estilo viciante se espalhou rapidamente pelas redes sociais e plataformas móveis.
No Brasil, o aplicativo ReelShort já provou a força do modelo. A produção A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário somou 200 milhões de visualizações em apenas duas semanas, consolidando a chegada das verticais ao país. Diante desse cenário, grandes emissoras e plataformas passaram a enxergar nesse estilo uma oportunidade de conquistar novos públicos e diversificar formatos.
Globo aposta em microdrama com Jade Picon
Nesta semana, a Globo iniciou as gravações do piloto de sua primeira novela vertical, estrelada por Jade Picon e dirigida por Adriano Melo, conhecido por Malhação – Toda Forma de Amar. O projeto recebeu o nome interno de microdrama e contará inicialmente com três episódios, cada um com até cinco minutos de duração. Gravados em formato vertical, os capítulos foram pensados para o consumo imediato em smartphones, onde a audiência jovem se concentra.
A ideia é medir a viabilidade do produto para decidir se a emissora investirá em uma produção completa. Se o resultado for positivo, os episódios poderão ser exibidos em plataformas próprias, como Globoplay e Gshow, ou mesmo em aplicativos já consolidados, como TikTok e ReelShort. O teste com Jade Picon marca a entrada oficial da Globo nesse universo, alinhando-se às tendências que moldam o consumo audiovisual.
Estratégia digital e mudança no consumo de audiência
O projeto reforça a estratégia da Globo de ampliar sua presença digital e responder às transformações no comportamento da audiência. As novas gerações preferem conteúdos rápidos, acessíveis e adaptados ao celular, e a emissora não quer ficar de fora dessa disputa. O formato vertical, já consolidado em redes sociais, chega agora ao campo da dramaturgia como uma alternativa de alto potencial de engajamento. Além da aposta no microdrama com Jade Picon, a Globo também testa outro segmento em ascensão: os doramas, gênero asiático que conquistou milhões de fãs no streaming. Walcyr Carrasco escreveu a trama e a equipe já gravou um piloto a partir dela. A produção conta com 60 episódios de até 30 minutos, inicialmente previstos para o Globoplay. Essas iniciativas revelam uma tentativa clara de diversificação, com foco em reconquistar a audiência mais jovem e fortalecer o catálogo digital.
Caso o piloto seja bem-sucedido, o formato pode redefinir a maneira como novelas são pensadas dentro da Globo. Com roteiros ágeis, estética adaptada e menor tempo de produção, os microdramas podem complementar a programação tradicional, oferecendo novas experiências de consumo para diferentes públicos. A estratégia também abre espaço para parcerias com criadores digitais, aproximando televisão e redes sociais em um mesmo ecossistema de entretenimento. A aposta em Jade Picon, uma atriz que também é influenciadora, mostra a intenção de unir o alcance da TV com o poder viral da internet. O movimento indica que, no futuro, a dramaturgia da Globo pode transitar entre a tela grande da TV e a palma da mão, conectando diferentes gerações em formatos variados.
Netflix e a disputa pela atenção do público
A febre das produções verticais também chamou a atenção de gigantes do streaming. Em maio, a Netflix anunciou que está desenvolvendo séries em formato vertical, em resposta ao crescimento de plataformas móveis como o TikTok e o ReelShort. A empresa, que já conta com mais de 300 milhões de assinantes no mundo, reconhece que precisa se adaptar ao consumo rápido e fragmentado da nova geração. O movimento revela a pressão que até grandes players enfrentam para não perder relevância em um mercado cada vez mais disputado. Essa mudança estratégica mostra que as novelas e microdramas verticais deixaram de ser apenas uma tendência experimental e já ocupam espaço nas maiores empresas de entretenimento.