IBGE revela que 11,8 milhões vivem em áreas de conservação no Brasil. Dados apontam perfil social, étnico e problemas de infraestrutura
Cerca de 11,8 milhões de pessoas vivem atualmente em unidades de conservação ambiental no Brasil, o que representa 5,82% da população do país. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como parte de um suplemento inédito do Censo Demográfico 2022. Segundo o levantamento, o país possui 2.365 unidades de conservação, das quais 1.138 (48%) estão habitadas.
As áreas de conservação são classificadas em duas categorias: proteção integral e uso sustentável. A maioria dos moradores (98,73%) vive nas áreas de uso sustentável, como reservas extrativistas e Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Já as unidades de proteção integral incluem parques e reservas biológicas, e têm ocupação mais restrita. O IBGE ressalta que esta é a primeira vez que os dados foram coletados com esse recorte. Portanto, não há comparações disponíveis com censos anteriores.
Perfil urbano, rural e gestão territorial
Dos quase 12 milhões de moradores dessas áreas protegidas, 9,3 milhões (78,7%) vivem em regiões urbanas. Outros 2,5 milhões (21,3%) vivem em áreas rurais. Esse perfil difere da média nacional, em que 87,4% da população reside em cidades e 12,6% no campo. O levantamento também aponta a gestão dessas áreas: 66,5% estão sob administração estadual, 20,8% são de responsabilidade federal e 10,9% estão sob gestão municipal.
Há ainda unidades geridas por mais de uma esfera administrativa. O recenseamento reforça a complexidade dos modelos de governança nas áreas de preservação. Essas regiões, apesar de protegidas, convivem com intensa presença humana e precisam de políticas públicas específicas. O dado revela o desafio de equilibrar a conservação ambiental com os direitos sociais de quem vive nesses territórios.
Diversidade étnico-racial e infraestrutura precária
O Censo também traçou o perfil étnico-racial dos moradores dessas unidades. Pardos representam 51,1% dessa população, enquanto brancos são 35,8% e pretos, 11,9%. Quilombolas correspondem a 2,4% e indígenas a 1,1%. A proporção de indígenas e quilombolas é significativamente maior nessas áreas do que na média nacional. O estudo ainda revela deficiências na infraestrutura básica.
Cerca de 40,3% dos moradores vivem em domicílios com pelo menos uma precariedade relacionada a água, esgoto ou lixo. Na população geral, essa taxa é de 27,3%. Além disso, 7,3% vivem em residências com as três carências simultâneas, mais que o dobro da média nacional, de 3%. Apenas 87,5% têm acesso adequado à água, frente a 94% da média nacional. O esgotamento sanitário precário atinge 36% dos domicílios nessas regiões, contra 24% do total nacional. Já a coleta de lixo adequada cobre 83,6% dessas casas, abaixo dos 90% da média geral.