Em apenas sete minutos, ladrões levaram joias imperiais do Louvre. O caso expôs falhas graves de segurança e virou crise política na França
Roubo relâmpago
Na manhã deste último domingo (20), por volta das 9h30, quatro indivíduos invadiram o Museu do Louvre usando um elevador de móveis acoplado a um caminhão para acessar a fachada voltada para o Sena. Vestidos como operários, com coletes amarelos e laranjas, os ladrões escalaram até uma janela do primeiro andar e usaram uma esmerilhadeira para romper o vidro que dá acesso à Galeria Apolo. Em menos de sete minutos, abriram vitrines com joias imperiais, subtraíram nove peças e fugiram em scooters.
Entre os vestígios deixados estão um colete amarelo com DNA e uma coroa danificada abandonada, o que alimenta a esperança das autoridades. O ministro do Interior classificou o crime como “roubo de valor incalculável” e afirmou que a polícia vive uma corrida contra o tempo para capturar os autores e recuperar as joias. O museu permaneceu fechado no dia seguinte enquanto as perícias e buscas avançavam. A combinação entre ação rápida, disfarces e a escolha de um dos espaços mais vigiados da Europa revelou o nível de preparo dos criminosos e as falhas que permitiram o golpe.
Itens roubados
Os objetos roubados pertencem à coleção da coroa francesa, expostos na Galeria Apolo. Entre os itens estão uma tiara, colar e brincos de safira utilizados por rainhas como Marie-Amélie e Hortense, joias de esmeralda de Marie-Louise, esposa de Napoleão, um broche reliquário e a tiara e laço de corsage da imperatriz Eugénie. Curiosamente, o famoso diamante Régent de 140 quilates, avaliado em cerca de 60 milhões de dólares, não foi levado.
A coroa da imperatriz Eugénie, com mais de 1.300 diamantes e 56 esmeraldas, foi abandonada durante a fuga e recuperada danificada nas proximidades. O gesto reforça a suspeita de pressa ou desorganização do grupo, o que pode facilitar a investigação. Mesmo assim, a maioria das peças continua desaparecida. A Brigada de Repressão ao Crime segue analisando imagens de câmeras, vestígios de DNA e o caminhão usado no roubo.
Falhas na segurança e pressão política
O crime abalou o sistema de segurança francês e provocou uma crise política. O ministro da Justiça reconheceu o fracasso das autoridades ao afirmar que o episódio projeta uma imagem deplorável da França. Sindicatos da polícia relataram falhas graves na vigilância, incluindo câmeras fora de operação em parte do museu e ausência de patrulhas externas no domingo do crime.
O governo reagiu convocando uma reunião de emergência e determinou uma auditoria nacional em todos os museus e instituições culturais. A oposição classificou o caso como uma humilhação nacional e pediu mudanças estruturais. O presidente Emmanuel Macron afirmou esperar a recuperação das joias e a punição dos responsáveis. O episódio reacendeu lembranças do roubo da Mona Lisa em 1911, lembrando que nem o museu mais famoso do mundo está imune a falhas humanas e tecnológicas.
A esperança agora está nas provas genéticas e na perícia dos objetos deixados para trás. Enquanto isso, o Louvre segue fechado e a França tenta restaurar sua imagem diante de um crime que chocou o mundo.






