Trump ameaça impor tarifa de 10% a países que seguirem políticas do BRICS, com aplicação prevista a partir de agosto
Neste domingo (6), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede Truth Social uma nova ameaça comercial voltada aos países que se alinham ao BRICS. Segundo ele, qualquer país que seguir as “políticas antiamericanas” do bloco será alvo de uma nova tarifa de importação. “Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics pagará uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a esta política. Obrigado pela atenção!”, escreveu o republicano.
A mensagem não especifica quais ações seriam classificadas como “antiamericanas”. No entanto, autoridades dos EUA indicam que a medida está em estudo e pode ser formalizada caso o BRICS avance com propostas consideradas hostis a interesses americanos. O anúncio acontece no mesmo dia em que o bloco publicou a “Declaração do Rio de Janeiro”, com críticas indiretas ao uso unilateral de tarifas comerciais.
BRICS reforça defesa do multilateralismo
Na declaração final da cúpula no Rio, os países do BRICS manifestaram preocupação com medidas unilaterais que violam as regras da OMC. O texto condena ações tarifárias que distorcem o comércio global e defende o fortalecimento de instituições como a ONU. Sem citar diretamente os Estados Unidos, o grupo também criticou ataques ao Irã e à Rússia, além de pedir solução pacífica para o conflito entre Israel e Palestina.
O presidente russo Vladimir Putin participou do encontro por videoconferência e declarou que o mundo unipolar está em colapso. Ele também defendeu a desdolarização e elogiou o papel do BRICS na criação de uma nova ordem econômica mais justa e multipolar. Já a China afirmou que o uso de tarifas como arma política não serve a ninguém e que se opõe a práticas coercitivas.
Medida visa pressionar renegociações bilaterais
O governo dos EUA começou a enviar cartas a dezenas de países, com prazo até 9 de julho para renegociar acordos e evitar o tarifaço. A nova taxa de 10% entrará em vigor em 1º de agosto, caso os países não apresentem concessões aceitáveis. Segundo autoridades, Washington quer fechar novos pactos bilaterais e conter o avanço de alianças com o BRICS.
A União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Índia e Indonésia estão entre os países que tentam evitar a sobretaxa. Apenas Reino Unido e Vietnã fecharam acordos parciais com os EUA até agora. A Arábia Saudita, tradicional aliada americana, se ausentou da primeira sessão da cúpula do BRICS, sinalizando desconforto com os rumos diplomáticos do bloco.
Clima tenso e riscos à economia global
Especialistas avaliam que a medida de Trump pode agravar a fragmentação do comércio mundial. Tarifas unilaterais podem gerar retaliações e desacelerar economias emergentes. O BRICS, hoje formado por 11 países do Sul Global, busca aumentar sua influência em fóruns internacionais e reduzir a dependência do dólar.
O Itamaraty, responsável por divulgar a declaração do BRICS, destacou o papel do Brasil como articulador da cúpula e reafirmou o compromisso com soluções pacíficas e respeito ao direito internacional. O documento final defende um multilateralismo reformado e mais inclusivo, refletindo as novas realidades políticas e econômicas do século 21.