Governo Trump investe mais de R$ 750 milhões em operação militar para reprimir protestos pró-imigração na Califórnia, desafiando autoridades locais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou uma das maiores mobilizações militares domésticas das últimas décadas para conter protestos pró-imigração em Los Angeles. O governo enviou mais de 4 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais à cidade, que enfrenta a quinta noite de protestos contra o Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE). A operação é estimada em US$ 134 milhões, o equivalente a mais de R$ 750 milhões.
Segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, os recursos sairão do orçamento de “operações e manutenção” do Departamento de Defesa. Os valores cobrem logística, alojamento, alimentação e transporte das tropas, que devem permanecer na Califórnia por pelo menos 60 dias.
Reação violenta e acusações de autoritarismo
A resposta do governo federal ocorreu após confrontos entre manifestantes e forças policiais locais. Houve incidentes com bombas de gás lacrimogêneo e sinalizadores no centro de Los Angeles, especialmente no bairro de Little Tokyo. A cidade é um dos principais centros da comunidade latina nos EUA e epicentro dos protestos contra a política de deportação em massa promovida por Trump.
Apesar da presença das tropas federais, a maioria dos protestos tem ocorrido de forma pacífica, segundo as autoridades da Califórnia. Mesmo assim, Trump chamou os manifestantes de “agitadores profissionais” e justificou a ação como necessária para evitar o que chamou de “caos total”. “Se eu não tivesse enviado tropas, Los Angeles estaria em chamas como nos incêndios florestais”, escreveu o presidente em sua rede Truth Social.
Embate com a Califórnia e judicialização da crise
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou duramente a decisão, chamando a mobilização de “antiamericana” e “imprudente”. O estado entrou com uma ação judicial para barrar o uso da Guarda Nacional sem aprovação estadual. “As tropas não devem ser usadas para realizar fantasias autoritárias”, disse Newsom em publicação nas redes sociais.
Especialistas em direito consideram a medida federal inconstitucional, já que a legislação americana proíbe o uso de forças armadas para aplicar a lei doméstica, salvo em casos excepcionais. Trata-se da primeira vez desde 1965 que um presidente envia tropas da Guarda Nacional sem aval do governador do estado envolvido.
Escalada nacional e riscos políticos
Além de Los Angeles, protestos eclodiram em cidades como Nova York, Chicago, São Francisco e Washington. O Departamento de Segurança Interna afirma que os atos ameaçam a autoridade do ICE, mas críticos acusam o governo de inflamar tensões com fins políticos. Às vésperas das eleições, a polarização do país se intensifica, e analistas já apontam o gesto de força de Trump como prévia de seu discurso de “lei e ordem”.
Nos bastidores, cresce a especulação de que Trump possa invocar a Lei da Insurreição, abrindo caminho para o uso contínuo das Forças Armadas em solo americano. Líderes do Congresso e ministros da Suprema Corte resistem à movimentação, que pode levá-los a agir judicialmente se o conflito institucional se agravar.