A ascensão da direita na França tem sido um tema de destaque, especialmente com figuras como Jordan Bardella ganhando proeminência. Saiba quais são as semelhanças com o cenário político brasileiro.
Em tempos de polarização política crescente, figuras disruptivas e polêmicas ganham destaque nos quatro cantos do mundo. É o caso do brasileiro Pablo Marçal e do francês Jordan Bardella, ambos expoentes da direita em seus países, que, apesar da distância geográfica, compartilham características em comum.
Do anonimato à liderança: a conquista do eleitorado
Bardella, um político da chamada “extrema-direita” de apenas 28 anos, é presidente do Rassemblement National (Reagrupamento Nacional — RN), o maior partido do país. Sua trajetória meteórica, desde um jovem desempregado nos subúrbios ao norte de Paris até protegido de Marine Le Pen e possível futuro primeiro-ministro, intriga os franceses.
Bardella cresceu em uma comunidade desfavorecida em Seine-Saint-Denis, onde conviveu com questões como drogas, pobreza e imigração descontrolada. Essas experiências moldaram sua visão política, levando-o a acreditar que apenas a direita radical poderia oferecer respostas. No entanto, há nuances em sua história: seu pai, Olivier, dirigia uma empresa de distribuição de bebidas e era relativamente bem de vida.
Tanto Marçal quanto Bardella emergiram no cenário político recentemente e, em pouco tempo, conquistaram posições de destaque. Bardella, aos 27 anos, preside o partido de extrema-direita francês Rassemblement National, enquanto Marçal, empresário e influenciador digital, disputou as eleições presidenciais brasileiras em 2022. Ambos atraem, principalmente, o eleitorado jovem e desiludido com a política tradicional, sensível a discursos que prometem mudanças radicais.
Um discurso em sintonia com a “nova” direita
Marçal e Bardella se apresentam como alternativas ao sistema político tradicional, utilizando um discurso nacionalista, anti-imigração e conservador que ressoa com uma parcela da população descontente com a política tradicional. Defendem o fortalecimento da soberania nacional e questionam a integração europeia no caso de Bardella, enquanto Marçal se posiciona contra o “globalismo” e a interferência externa nos negócios internos do Brasil.
A era da comunicação digital: o uso estratégico das redes sociais
Ambos os políticos demonstram grande habilidade em utilizar as redes sociais para construir suas personas públicas e propagar suas mensagens. Com um estilo agressivo e confrontador, não hesitam em criticar oponentes e mobilizar seus seguidores. Essa estratégia os coloca em evidência na mídia e contribui para a rápida ascensão em seus respectivos cenários políticos.
Convergências e especificidades: um olhar atento ao contexto
Apesar das semelhanças, é crucial analisar as trajetórias de Marçal e Bardella dentro de seus contextos específicos. As diferenças nos sistemas políticos, culturas e desafios enfrentados por Brasil e França exigem cautela ao traçar paralelos absolutos.
O que se observa, no entanto, é a consolidação de um fenômeno global: a ascensão da direita com um discurso disruptivo e a busca por novos líderes que representem a ruptura com o status quo. Resta saber qual será o impacto a longo prazo dessa nova configuração política no cenário mundial.