Parlamento sul-coreano avança com impeachment contra Yoon Suk Yeol após decreto de lei marcial. Protestos tomam Seul e oposição denuncia ameaça à democracia
Impeachment em resposta à lei marcial
A Coreia do Sul enfrenta uma turbulência política após o presidente Yoon Suk Yeol decretar lei marcial na última terça-feira (3). A medida, justificada por Yoon como necessária para combater supostas “forças antinacionais pró-Coreia do Norte”, gerou indignação nacional. Em resposta, o Parlamento sul-coreano, controlado pela oposição, apresentou uma moção formal de impeachment nesta quarta-feira (4), argumentando que o decreto violou a constituição e ameaçou a democracia.
Horas após o decreto, em uma sessão de emergência com a presença de 190 parlamentares, a Assembleia Nacional revogou a lei marcial. Durante a votação, militares cercaram o edifício, intensificando a sensação de crise. A oposição destacou que o presidente excedeu suas funções, enquanto Yoon alegou que os parlamentares estariam paralisando o governo com “manipulações legislativas”.
Mobilização popular e reações governamentais
Desde o anúncio da lei marcial, milhares de manifestantes saíram às ruas de Seul, exigindo a renúncia de Yoon. Protestos começaram na Praça Gwanghwamun, com multidões marchando em direção ao gabinete presidencial. Apesar do bloqueio policial, a pressão continua a crescer. Muitos sul-coreanos veem a medida como um retrocesso democrático, comparando-a aos tempos autoritários do país.
A crise política também abalou o governo. Principais assessores e membros do gabinete ofereceram renúncias coletivas, incluindo o ministro da Defesa, Kim Yong Hyun. Dentro do próprio Partido do Poder Popular, governista, surgem divergências sobre a continuidade de Yoon no cargo.
Desafios e desfecho incerto
Para que o impeachment seja aprovado, a oposição precisa do apoio de dois terços dos parlamentares e da confirmação de seis juízes do Tribunal Constitucional. Se aprovado, novas eleições presidenciais devem ocorrer em até 60 dias, segundo a legislação sul-coreana. O cenário político, porém, permanece incerto.
A popularidade de Yoon já vinha em queda desde sua eleição em 2022, quando venceu por margem estreita. Escândalos de corrupção envolvendo sua esposa, críticas econômicas e uma oposição fortalecida após as eleições legislativas de abril aumentaram a tensão. Agora, o desfecho desse processo pode redefinir o futuro democrático da Coreia do Sul.