China investiga importações de carne bovina por impacto no mercado local; Brasil defende produto como complementar
Abertura de investigação pela China
Nesta última sexta-feira (27), a China anunciou a abertura de uma investigação sobre as importações de carne bovina, após preocupações de produtores locais sobre o impacto no mercado interno. O aumento da oferta, alimentado pelas importações, tem sido associado à queda nos preços da carne bovina no país. Entre 2022 e 2024, os preços médios caíram de 77,18 yuan para 59,82 yuan por quilograma.
A investigação cobre o período de janeiro de 2019 a junho de 2024 e busca determinar se as importações prejudicam a indústria local. Proposta pela China Animal Husbandry Association, a medida pode resultar na aplicação de tarifas adicionais para proteger os produtores chineses. A decisão deve ser anunciada em até oito meses, e o processo será acompanhado de perto pelos países exportadores.
Posicionamento do Brasil
O Brasil, maior fornecedor de carne bovina para a China, exportou mais de 1 milhão de toneladas do produto em 2024, representando um crescimento de 12,7% em relação ao ano anterior. Em resposta à investigação, o governo brasileiro afirmou que a carne bovina exportada complementa a produção chinesa e não prejudica o mercado local.
Uma nota conjunta dos Ministérios da Agricultura, Desenvolvimento, Indústria e Relações Exteriores destacou a importância do diálogo para esclarecer a situação. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) reafirmou o compromisso com os padrões de qualidade e segurança exigidos pelo mercado chinês, demonstrando confiança em um desfecho positivo.
Repercussões no mercado
A notícia gerou impacto imediato no mercado financeiro, levando à queda nas ações de grandes frigoríficos brasileiros, como JBS, Marfrig e Minerva. Esses frigoríficos possuem uma forte dependência do mercado chinês, que é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina.
O histórico de medidas semelhantes pela China, como a imposição de tarifas antidumping à cevada australiana em 2020, intensifica a preocupação entre exportadores. Uma eventual aplicação de salvaguardas pode impactar não apenas o Brasil, mas também outros grandes exportadores, como Argentina e Austrália.
Enquanto aguarda a conclusão da investigação, o setor brasileiro segue apostando no diálogo com as autoridades chinesas. A expectativa é de que a cooperação entre os países reforce a relação comercial e evite medidas protecionistas que prejudiquem ambas as partes. A China continua sendo um mercado crucial para o agronegócio brasileiro, e o desfecho dessa situação será determinante para o futuro das exportações.