SUS incluirá Implanon na rede pública no segundo semestre de 2025; método tem alta eficácia e dura até três anos
Governo amplia acesso ao Implanon pelo SUS
O Ministério da Saúde anunciou que o SUS oferecerá gratuitamente o implante contraceptivo subdérmico Implanon a partir do segundo semestre de 2025. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) aprovou a inclusão, que o Ministério da Saúde oficializará por meio de portaria nos próximos dias. A partir da publicação, a pasta terá até 180 dias para iniciar a oferta do método nas unidades de saúde do país. O novo público-alvo inclui todas as mulheres em idade fértil, até 49 anos, ampliando o acesso antes restrito a grupos específicos.
Atualmente, o SUS fornece o Implanon apenas a mulheres com HIV/AIDS, privadas de liberdade, profissionais do sexo e pacientes com tuberculose. O ministro Alexandre Padilha afirmou que o Ministério da Saúde iniciará ainda neste semestre o processo de aquisição e capacitação das equipes. A expectativa é que a oferta comece a ser implantada nas Unidades Básicas de Saúde já nos próximos meses. O objetivo é facilitar o acesso a métodos contraceptivos de longa duração, com mais eficácia e comodidade.
Contraceptivo é eficaz, duradouro e seguro
O Implanon é um bastão flexível com 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, inserido sob a pele do braço. O dispositivo contém 68 mg de etonogestrel, hormônio que é liberado lentamente na corrente sanguínea durante até três anos. A substância impede a ovulação e espessa o muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides. O método apresenta eficácia superior a 99% e não depende de uso diário ou mensal como pílulas ou injeções.
Além disso, a fertilidade é retomada rapidamente após a retirada do implante, caso a mulher deseje engravidar. O novo método se junta ao DIU de cobre como uma das opções de longa duração e reversíveis já disponíveis no SUS. A principal vantagem dos métodos LARC (contraceptivos reversíveis de longa duração) é a eficácia mesmo em casos de falhas de uso. Na rede privada, o Implanon custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, o que torna a oferta pública uma alternativa importante para mulheres de baixa renda.
Investimento bilionário e metas até 2026
Segundo o Ministério da Saúde, o governo distribuirá 1,8 milhão de dispositivos até 2026, sendo 500 mil previstos apenas para 2025. O investimento total na compra e implementação do Implanon será de R$ 245 milhões. O governo prevê a atualização das diretrizes clínicas, aquisição do insumo, capacitação dos profissionais e ajustes na estrutura das unidades de saúde.
Médicos e enfermeiros devidamente treinados devem inserir e remover o implante exclusivamente. Para isso, o ministério já prepara cursos e materiais de formação para as equipes que atuarão com o novo método. A Secretaria de Atenção Primária à Saúde será responsável por coordenar a oferta nos territórios. A prioridade será para os serviços que já atuam com planejamento reprodutivo e possuem estrutura para ampliar o atendimento. A meta é garantir cobertura nacional com equidade, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social.
Ação reforça planejamento reprodutivo
A inclusão do Implanon no SUS também é uma estratégia para reduzir gestações não planejadas no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o avanço contribui para o fortalecimento das políticas públicas de saúde sexual e reprodutiva. A pasta destaca que a ampliação do acesso a métodos contraceptivos modernos é essencial para a autonomia das mulheres.
Além disso, o uso do Implanon pode ajudar a reduzir a mortalidade materna, especialmente entre mulheres negras e de baixa renda. O governo tem como meta reduzir a mortalidade materna geral em 25% até 2027. Entre as mulheres negras, a meta é ainda mais ambiciosa: queda de 50% no mesmo período. A medida também está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Ao facilitar o acesso gratuito a métodos eficazes, o SUS amplia o direito ao planejamento familiar com segurança e dignidade.