Vídeo de Felca sobre “adultização” cita Hytalo Santos, expõe casos de exploração infantil e provoca reação de autoridades e internautas
Na última quarta-feira (6), o humorista e youtuber Felca surpreendeu o público ao publicar um vídeo de quase 50 minutos intitulado “Adultização”. Acostumado a criar conteúdo humorístico para mais de 4 milhões de inscritos, ele assumiu um tom sério para denunciar a exploração e sexualização precoce de crianças nas redes sociais. O ponto central da denúncia foi o influenciador paraibano Hytalo Santos, de 28 anos, que construiu audiência com vídeos mostrando a rotina de crianças e adolescentes em um formato de “reality” caseiro. No vídeo, Felca afirma que Hytalo expôs por anos menores de idade em situações com conotação sugestiva. Ele cita como exemplo Kamylla Santos, hoje com 17 anos, que apareceu em seus perfis desde os 12.
Segundo Felca, as imagens, danças e interações eram apresentadas a um público misto, incluindo adultos, e em alguns casos mostravam festas e contextos inapropriados para menores. O youtuber também apresentou trechos de investigações, ressaltando que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) já apura o caso desde 2024. Após a repercussão, o perfil de Hytalo Santos no Instagram foi desativado. Felca classificou o conteúdo como um “circo macabro” e alertou sobre como algoritmos podem potencializar a distribuição desse tipo de material para pedófilos.
Outras denúncias e contexto do problema
Além de Hytalo, Felca citou outros casos que ganharam destaque nos últimos anos. Ele relembrou o canal Bel Para Meninas, investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2020, e o caso de Caroliny Dreher, menor de idade que teria tido conteúdos íntimos vendidos por familiares a redes de pedófilos no Telegram e em outras plataformas. Para dar peso à denúncia, Felca entrevistou uma psicóloga especializada em infância, que explicou os danos psicológicos e sociais da superexposição infantil.
A especialista reforçou que a perda de privacidade e a sexualização precoce podem deixar marcas permanentes no desenvolvimento. Felca também destacou dados da ONG Safernet, que apontam que 2023 teve o maior número já registrado de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet. Fãs e internautas que não conheciam o lado sério do criador receberam o vídeo com surpresa e indignação.
Repercussão e reação
A publicação alcançou mais de 16 milhões de visualizações em poucos dias e provocou respostas de autoridades. A deputada federal Erika Hilton agradeceu publicamente a Felca e afirmou que acionaria a Polícia Federal e a Justiça para investigar perfis e pressionar as plataformas. Felca, por sua vez, anunciou que processaria mais de 200 contas por difamação após a denúncia.
Ele ofereceu um acordo: a retirada das ações mediante doação de R$ 250 a instituições de proteção infantil e retratação pública. A mudança de postura do influenciador, antes marcado pelo humor ácido, reforçou seu papel como agente ativo na denúncia de crimes virtuais. O caso também reacendeu o debate sobre a responsabilidade de criadores de conteúdo e das redes sociais na proteção de menores.