Deputados cobram Defesa e Portos após pouso de avião dos EUA em Porto Alegre, em 19 de agosto, sem detalhes públicos da missão diplomática
Avião sob suspeita
Na tarde da última terça-feira (19), um Boeing 757 dos Estados Unidos, sem identificação externa visível, pousou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e permaneceu por algumas horas antes de seguir viagem para Guarulhos, em São Paulo. O episódio despertou atenção imediata de parlamentares brasileiros, que protocolaram requerimentos de informações para os ministérios da Defesa e dos Portos e Aeroportos. Deputados do PSOL, Fernanda Melchionna, Glauber Braga e Sâmia Bomfim, querem explicações detalhadas sobre a autorização concedida ao avião e sobre a natureza da missão realizada em território nacional.
Entre as perguntas encaminhadas estão se houve pedido formal do governo americano, quem eram os ocupantes, se houve desembarque de cargas ou equipamentos e se a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi previamente comunicada. Os parlamentares também querem confirmar se as autoridades regularizaram o plano de voo e apresentaram todos os documentos exigidos pela legislação brasileira. Se considerarem parte dessas informações sigilosas, os ministérios deverão justificar as razões da classificação. Para os deputados, a falta de clareza sobre o motivo da presença da aeronave levanta preocupações relevantes e exige respostas públicas.
Detalhes do voo
De acordo com registros do site FlightRadar, a aeronave partiu do Aeroporto Fernando Luis Ribas Dominicci, em Porto Rico, e chegou a Porto Alegre por volta das 17h12 de terça-feira. Câmeras do terminal registraram o pouso e a movimentação da tripulação. Às 20 horas, o avião já decolava novamente rumo a São Paulo, onde pousou em Guarulhos sem maiores informações oficiais. A imprensa especializada destacou que o governo dos Estados Unidos utiliza o Boeing 757 em missões especiais. Algumas dessas operações já foram associadas a atividades de inteligência e logística da CIA.
Pintado inteiramente de branco e sem insígnias claras, o avião carrega um histórico de aparições discretas em diferentes países, quase sempre em contextos diplomáticos sensíveis. Fontes ligadas à Polícia Federal confirmaram que a aeronave transportava diplomatas americanos com destino ao consulado dos EUA em Porto Alegre. O Ministério da Defesa afirmou que o plano de voo estava regular e que não houve irregularidades formais no procedimento, mas não forneceu detalhes sobre a finalidade da missão. A ausência de esclarecimentos oficiais sobre os motivos concretos da operação mantém o episódio envolto em mistério.
Repercussões políticas
A chegada repentina do avião americano em Porto Alegre acendeu debates sobre soberania e transparência em operações aéreas estrangeiras no Brasil. Deputados exigem que o governo explique não apenas os trâmites técnicos de autorização. Eles também querem detalhes sobre as implicações diplomáticas de receber aeronaves militares sem informações amplamente divulgadas. Especialistas em direito internacional alertam que, mesmo em missões diplomáticas, é fundamental que autoridades brasileiras garantam total clareza sobre procedimentos e objetivos.
O caso pressiona o Ministério da Defesa e coloca em evidência a relação entre Brasil e Estados Unidos em meio à atual crise diplomática envolvendo tarifas comerciais e tensões regionais. Há expectativa de que as explicações oficiais venham a público ainda nesta semana, a fim de reduzir especulações sobre a natureza da missão. Enquanto isso, a oposição deve insistir em mais detalhes, incluindo se houve transporte de equipamentos sigilosos ou negociações reservadas durante a passagem da aeronave. O episódio promete alimentar debates mais amplos sobre segurança nacional, protocolos diplomáticos e os limites de atuação de autoridades estrangeiras em território brasileiro.