Pesquisa Genial/Quaest revela queda na aprovação de Lula para 47%. Violência supera economia como principal preocupação após operação no RJ
A avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um revés, interrompendo uma sequência de altas. A aprovação do governo oscilou negativamente pela primeira vez desde julho, caindo de 48% para 47%, segundo a nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (12). Paralelamente, a desaprovação ao presidente subiu de 49% para 50%. Essa interrupção na trajetória de alta coincide com um momento crítico, no qual o debate sobre segurança pública dominou o noticiário nacional. Impulsionada pela recente operação policial no Rio de Janeiro, a violência agora supera a economia como principal preocupação dos brasileiros, segundo o levantamento.
Segurança Pública
A segurança pública tornou-se o tema central para a população, com a violência sendo citada por 38% dos entrevistados como o principal problema do país. Esse número representa um salto significativo, já que em outubro o índice era de 30%, deslocando a economia para o segundo lugar nas preocupações. Questões econômicas agora são a prioridade para apenas 15% dos ouvidos. O contexto para essa mudança é claro: a operação policial no Rio de Janeiro. A ação nos complexos do Alemão e da Penha foi amplamente debatida e, segundo a pesquisa, a maioria da população apoiou a medida.
Cerca de 67% dos entrevistados aprovaram a operação policial, e o mesmo percentual avalia que não houve exagero no uso da força pelas autoridades. Essa percepção popular sobre a segurança parece influenciar diretamente a avaliação do governo federal. Na área específica de segurança, o governo Lula é visto como regular por 36%, enquanto outros 34% o consideram negativo e apenas 26% o avaliam como positivo. Os governos estaduais, em comparação, apresentam um desempenho melhor aos olhos do público.
Repercussão da fala
Declarações recentes do presidente Lula sobre o tema parecem ter aprofundado o desgaste. A Quaest mediu a reação a uma frase específica na qual Lula afirmou que traficantes são “vítimas dos usuários” de drogas. A rejeição à declaração foi massiva, atingindo 81% dos entrevistados. O mais notável é que a discordância também é alta entre seus próprios eleitores, com 66% das pessoas que se declaram lulistas discordando da afirmação. Para 51% da população, a frase refletiu uma opinião sincera do presidente, enquanto apenas 39% consideraram que foi um mal-entendido, apesar da retratação posterior de Lula.
Esse episódio reforça a distância entre o discurso presidencial e o sentimento da maioria, que indica um forte desejo popular por medidas mais duras contra o crime. Cerca de 73% dos entrevistados defendem tratar organizações criminosas como terroristas. O apoio ao aumento de penas para homicídios ordenados por facções chega a 88%, e 65% aprovam o fim da visita íntima para presos ligados a essas organizações.
Pessimismo persiste
Enquanto a segurança pública domina as atenções, o cenário econômico mostra estabilidade, embora as percepções tenham variado pouco em relação ao mês anterior. A maioria dos brasileiros (58%) ainda afirma que os preços dos alimentos subiram, e metade da população avalia que está mais difícil conseguir um emprego no país. Esses dados ajudam a compor um quadro geral de pessimismo, refletido na pesquisa que aponta que 58% dos brasileiros acreditam que o país segue na direção errada.
Esse índice mostra um aumento na percepção negativa desde janeiro, quando eram 50%. A agenda internacional do presidente também foi avaliada no levantamento, e o encontro recente entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dividiu opiniões. Para 45%, o líder brasileiro saiu mais fortalecido após a reunião, mas 30% dos entrevistados consideraram o contrário. A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre 6 e 9 de novembro, com margem de erro de dois pontos.






