Descoberta de diamante de 646 quilates em Coromandel (MG) reforça a tradição garimpeira e movimenta o setor de mineração no Brasil
Diamante em Coromandel
Um diamante bruto de 646,78 quilates foi encontrado no município de Coromandel, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais. A pedra foi descoberta às margens do Rio Douradinho, em uma área com Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), título que autoriza a extração mineral em pequena escala.
A gema, de coloração marrom, é considerada extremamente rara. Avaliada em R$ 16 milhões, trata-se do segundo maior diamante já descoberto em solo brasileiro. O maior continua sendo o famoso “Getúlio Vargas”, de 727 quilates, extraído em 1938 na mesma cidade. Com essa nova descoberta, Coromandel reafirma sua importância histórica no cenário mineral do país.
Benefícios econômicos
O impacto da descoberta vai além da raridade. Segundo a Prefeitura de Coromandel, a compensação financeira estimada é de R$ 320 mil. O Governo Federal repassará integralmente esse valor ao município, conforme a alíquota de 2% sobre a receita bruta da venda, prevista pela CFEM.
Além do valor da pedra, o achado reaquece o interesse econômico pela região, que conta com uma longa tradição garimpeira. De acordo com o prefeito Fernando Breno, o garimpo ainda é uma das principais atividades locais e esse tipo de evento gera empregos, atrai investidores e impulsiona o turismo de exploração mineral.
Avaliação do diamante
A identidade do proprietário do terreno onde a pedra foi achada não foi revelada. No entanto, o responsável pelo achado registrou oficialmente a descoberta no Relatório de Transações Comerciais (RTC) do Cadastro Nacional de Comércio de Diamantes (CNCD), em 29 de maio. Esse processo garante a legalidade da comercialização da pedra, no Brasil ou exterior.
Segundo a presidente da Cooperativa dos Médios e Pequenos Garimpeiros de Coromandel (Coopemg), Denize Fernandes, após o registro, a pedra precisa passar pelo Processo de Certificação de Kimberley. O certificado garante que o diamante tenha origem legal e não provenha de áreas de conflito, permitindo sua exportação.
O valor de uma gema: peso, cor e pureza
O geólogo Daniel Fernandes explicou que múltiplos fatores determinam o valor de um diamante. O peso, medido em quilates, é o primeiro deles. No caso da pedra mineira, 646 quilates equivalem a cerca de 129 gramas. Além disso, pureza, transparência e cor são determinantes no preço final.
O diamante de Coromandel apresenta tom amarronzado, causado por contaminação com nitrogênio durante a formação. Segundo Fernandes, a lapidação pode mudar essa coloração, pois, em alguns casos, a remoção da camada superficial contaminada revela tons mais claros ou diferentes.
O quilate, unidade usada para pesar pedras preciosas, tem origem nas sementes da alfarroba, árvore do Mediterrâneo. Comerciantes da Antiguidade adotaram essas sementes como padrão de medida porque elas tinham peso uniforme. Um quilate equivale a 0,2 gramas.