O bilionário Bill Gates destinará US$ 200 bilhões à filantropia e encerrará fundação em 2045, focando em saúde, educação e combate à pobreza
O cofundador da Microsoft, Bill Gates, anunciou nesta quinta-feira (8) um plano ambicioso: doar praticamente toda sua fortuna, estimada em US$ 113 bilhões (cerca de R$ 642,8 bilhões), até 2045. A Fundação Gates conduzirá a iniciativa e encerrará suas atividades ao final desse período. Gates enfatizou que não deseja ser lembrado como alguém que “morreu rico”. Ele pretende utilizar sua riqueza para enfrentar desafios globais urgentes, como a erradicação de doenças e a redução da pobreza.
Em 2000, Bill Gates, sua então esposa Melinda French Gates e o empresário Warren Buffett, do conglomerado Berkshire Hathaway, criaram a fundação. Desde então, tornou-se uma das maiores organizações filantrópicas do mundo. Destinou mais de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 568 bilhões) a projetos voltados principalmente à saúde pública, educação e desenvolvimento. Em 2024, a organização passou a se chamar apenas Fundação Gates, após a saída de Melinda, três anos após o divórcio do casal.
Com o novo plano, a fundação pretende investir mais US$ 200 bilhões (aproximadamente R$ 1,136 trilhão) nos próximos 20 anos, aumentando seu orçamento anual para US$ 9 bilhões (R$ 51 bilhões) até 2026. Entre as prioridades estão a erradicação da poliomielite e da malária, a redução da mortalidade infantil e materna, e o combate à pobreza global. A Fundação Gates também ajuda a financiar instituições de grande impacto, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Iniciativa Global para a Erradicação da Poliomielite (GPEI) e a Aliança para Vacinas (Gavi).
Críticas a cortes em ajuda internacional e alerta global
Gates também criticou duramente os recentes cortes em programas de ajuda humanitária promovidos pelo bilionário Elon Musk. Desde que assumiu um cargo no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) da gestão Donald Trump, Musk tem defendido publicamente o fim de programas de assistência internacional, chegando a se vangloriar de “jogar a USAID no triturador”. Aproximadamente 80% dos projetos de ajuda estão previstos para serem eliminados.
Para Gates, essas ações representam um retrocesso grave, principalmente para populações vulneráveis em países em desenvolvimento. “A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é bonita”, afirmou em entrevista ao Financial Times. Ele alertou que os cortes em financiamento internacional podem levar ao aumento da mortalidade global, revertendo avanços conquistados nas últimas décadas.
A decisão de Gates reflete sua filosofia de que a riqueza deve ser usada para melhorar vidas. Ele espera que outros bilionários sigam seu exemplo, aumentando suas contribuições filantrópicas. A medida também reforça o compromisso iniciado com Warren Buffett em 2010 no movimento Giving Pledge, que convida bilionários a doar a maior parte de suas fortunas ainda em vida.
Com o encerramento da fundação previsto para 2045, Gates reforça a importância de ações imediatas e eficazes para enfrentar os desafios atuais. Ele acredita que a filantropia, embora crucial, não pode substituir o papel dos governos e enfatiza a necessidade de colaboração global para alcançar um impacto duradouro.