Warren Buffett adquire a divisão química OxyChem da Occidental por US$ 9,7 bi, reforçando estratégia de grandes investimentos
A Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, anunciou nesta quinta-feira (2), a compra da OxyChem, divisão petroquímica da Occidental Petroleum, em um negócio de US$9,7 bilhões (cerca de R$52 bilhões). Segundo comunicado oficial, o fechamento da operação está previsto para o quarto trimestre de 2025. As ações da Occidental chegaram a cair até 4,6% após a divulgação, enquanto os papéis da Berkshire registraram leve alta. Essa será a maior aquisição da empresa em três anos, reforçando o retorno de Buffett a grandes negócios.
A compra também mostra a proximidade entre as companhias, já que a Berkshire detém 27% da Occidental. A Occidental afirmou que utilizará US$6,5 bilhões do valor para reduzir sua dívida, trazendo o passivo para menos de US$15 bilhões. Em declaração, a presidente Vicki Hollub disse que a empresa encerra assim sua fase de grandes transações, mantendo foco em ajustes estratégicos menores. A venda marca também o fim da presença da Occidental em um setor químico que vinha apresentando queda de vendas.
Implicações financeiras e estratégicas
A aquisição fortalece o portfólio químico da Berkshire, que já inclui empresas como a Lubrizol. A OxyChem é responsável pela produção de cloro, soda cáustica e insumos industriais essenciais. Para a Occidental, a operação representa foco renovado em petróleo e gás, além de alívio na estrutura de endividamento após aquisições recentes, como a da CrownRock. Analistas do mercado apontam que, embora a redução da dívida seja positiva, a saída da divisão química pode diminuir a diversificação de receitas.
A unidade era considerada um motor de fluxo de caixa, e sua ausência pode pressionar resultados futuros. Ainda assim, a transação deve ser bem recebida pelos investidores pela sinalização de disciplina financeira. Do lado da Berkshire, o uso de parte do caixa bilionário para essa aquisição reforça sua capacidade de realizar movimentos estratégicos. Especialistas também destacam o protagonismo de Greg Abel, herdeiro de Buffett na liderança, no processo da negociação.
Riscos, desafios e perspectivas futuras
Apesar da relevância do acordo, existem riscos claros. O mercado de químicos básicos enfrenta excesso de oferta e margens reduzidas, o que levou a Occidental a cortar suas projeções de lucro da OxyChem em agosto. Estimativas indicam que a unidade deve gerar entre US$800 milhões e US$900 milhões em 2025, abaixo do esperado anteriormente. A integração da OxyChem à Berkshire também exigirá atenção às questões regulatórias e ambientais.
Por outro lado, o timing da aquisição pode se revelar estratégico, aproveitando valuations mais baixos do setor. Se bem-sucedida, a compra deve reforçar a diversificação da Berkshire e consolidar a imagem de Buffett como um investidor que não abandona os grandes movimentos. Para analistas, essa pode ser a última aquisição de porte liderada diretamente por Buffett, adicionando caráter simbólico ao anúncio. O negócio, portanto, combina racionalidade financeira, visão de longo prazo e o peso histórico de um dos maiores investidores do mundo.






