Carlo Ancelotti foi condenado por fraude fiscal, mas deve cumprir pena alternativa por ser réu primário e já ter quitado a dívida
Como funcionava o esquema de Ancelotti
Carlo Ancelotti foi condenado por fraude fiscal cometida em 2014, quando treinava o Real Madrid. Segundo o Ministério Público da Espanha, o treinador usou empresas de fachada para ocultar parte de seus rendimentos. Os valores referem-se principalmente a ganhos com direitos de imagem, além de receita relacionada a propriedades.
Os promotores consideraram o esquema “confuso” e “deliberadamente complexo”. As investigações apontaram que o técnico italiano declarou apenas o salário pago pelo clube, omitindo outros ganhos. Ancelotti negou má-fé e afirmou que confiou integralmente nos consultores indicados pelo próprio Real Madrid. Ele também disse que a prática era comum entre jogadores e treinadores da época. Em depoimento, mencionou que achava estar agindo de forma regular.
Condenação e consequências legais
A sentença da Justiça espanhola foi de um ano de prisão, além de multa de 386 mil euros (cerca de R$ 2,4 milhões). A Justiça também impediu o treinador de receber benefícios fiscais e públicos por três anos. No entanto, é improvável que Ancelotti vá para a prisão. A legislação espanhola prevê a suspensão da pena em condenações inferiores a dois anos para réus primários.
O italiano já havia quitado o valor devido em 2021, o que reforça sua situação favorável. A promotoria havia pedido quase cinco anos de prisão, mas o tribunal considerou apenas a fraude de 2014. Em relação ao ano de 2015, Ancelotti foi absolvido por falta de provas de residência na Espanha. Ele pode ter que cumprir trabalhos comunitários, dependendo da decisão final. A pena poderá ser convertida se o juiz aceitar os argumentos da defesa.
Efeito sobre a Seleção Brasileira
Até o momento, a CBF não se pronunciou oficialmente sobre a condenação. Ancelotti é o atual técnico da Seleção Brasileira e tem contrato até a Copa de 2026. A condenação não deve interferir em sua permanência no cargo, pois não houve ordem de prisão imediata. Além disso, ele não reside mais na Espanha e não tem pendências fiscais no Brasil.
Juristas afirmam que o caso não compromete sua capacidade legal de atuar como técnico. O episódio, porém, levanta questões éticas e pode repercutir negativamente na imagem pública do treinador. Nas redes sociais, torcedores se dividem entre críticas e apoio ao técnico. Casos semelhantes já ocorreram na Espanha com nomes como Messi, Cristiano Ronaldo e Mourinho. Em todos os casos, as penas foram suspensas após acordos judiciais.