O cessar-fogo entre Israel e Hamas permitiu a libertação de reféns e o retorno de palestinos a Gaza. Papa Francisco pede respeito ao acordo
Trégua traz alívio, mas destruição persiste
Após 15 meses de intensos combates, o cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor, permitindo a libertação de reféns e o retorno de palestinos desalojados. Milhares de pessoas começaram a voltar para Gaza, mas encontraram um cenário devastador.
A trégua, mediada por Catar, Egito e Estados Unidos, representa um momento de pausa no conflito, mas a reconstrução do território parece distante. Com bairros inteiros reduzidos a escombros, os moradores agora lutam para encontrar abrigo e suprimentos básicos.
“O cessar-fogo nos dá uma chance de respirar, mas ainda não sabemos como será nosso futuro”, disse Aya, deslocada pela guerra.
Libertação de reféns e prisioneiros
O acordo prevê a libertação de reféns israelenses em troca da soltura de prisioneiros palestinos. No primeiro dia da trégua, o Hamas entregou três mulheres israelenses à Cruz Vermelha: Romi Gonen, 24, Doron Steinbrecher, 31, e Emily Damari, 28, que têm cidadania israelense e britânica.
Em contrapartida, Israel libertou 39 prisioneiros palestinos, incluindo mulheres e adolescentes detidos nos últimos anos. Ao longo da trégua, o país deve soltar ao todo 90 palestinos, enquanto o Hamas se comprometeu a liberar mais reféns israelenses.
Em Tel Aviv, a Praça dos Reféns se tornou um ponto de encontro para familiares e apoiadores, que comemoram a libertação, mas pediram a devolução de todos os sequestrados. O Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos chamou o retorno das primeiras reféns de um “farol de luz na escuridão”.
Papa Francisco pede respeito ao cessar-fogo
Durante a oração do Angelus no Vaticano, o Papa Francisco celebrou a trégua e pediu respeito ao cessar-fogo. Ele agradeceu aos mediadores do acordo e reforçou a necessidade de uma solução pacífica para o conflito.
“Foi anunciado recentemente que o cessar-fogo em Gaza entrará em vigor hoje. Expresso minha gratidão a todos os mediadores. É um bom trabalho mediar, para que a paz seja alcançada”, declarou o pontífice.
O Papa também defendeu a solução de dois Estados e pediu à comunidade internacional que apoie o diálogo e a reconciliação. “Digo sim ao diálogo, sim à reconciliação, sim à paz”, completou.
Ajuda humanitária e incertezas para o futuro
Com a trégua, caminhões de ajuda humanitária finalmente conseguiram entrar em Gaza. O acordo prevê a entrada de 600 veículos diários com suprimentos, incluindo 50 com combustível. No entanto, apenas uma pequena parte dessa assistência chegou ao norte do território, onde a fome se agrava.
Especialistas alertam que, sem um acordo duradouro, o risco de retomada dos combates é alto. Apesar do alívio momentâneo, muitos palestinos ainda vivem com medo de que a violência volte a explodir.
“Queremos reconstruir nossas vidas, mas sabemos que a paz em Gaza nunca dura muito tempo”, lamentou um morador ao retornar para sua casa destruída.
Fonte: Agência Brasil