Justiça argentina nega prisão imediata de Cristina Kirchner; defesa prepara apelo à Comissão Interamericana por supostas violações judiciais
A Justiça da Argentina negou nesta quarta-feira (11) um pedido do Ministério Público para que a ex-presidenta Cristina Kirchner fosse presa de forma imediata. Condenada a seis anos de prisão por corrupção no caso das obras públicas da Patagônia, Kirchner agora tem quatro dias para se apresentar voluntariamente às autoridades.
A decisão do Tribunal Oral Federal n.º 2 alivia momentaneamente a tensão política no país, mas não altera o curso da pena já confirmada. A defesa, no entanto, atua em várias frentes para adiar ou reverter o cumprimento da sentença.
Defesa de Kirchner levará caso à Comissão Interamericana
Com todas as instâncias judiciais nacionais esgotadas, a equipe jurídica de Cristina Fernández de Kirchner pretende recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A estratégia busca denunciar irregularidades no processo, como falta de imparcialidade, lawfare e perseguição judicial.
Segundo o jornalista argentino Yair Cybel, a expectativa da defesa é que a CIDH possa reavaliar a legalidade da condenação à luz de tratados internacionais ratificados pela Argentina. Também estão em estudo medidas na Corte Penal Internacional e junto ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Desde o anúncio da condenação definitiva, apoiadores da ex-presidenta mantêm vigílias e bloqueios em Buenos Aires. Movimentos sociais convocam para uma grande mobilização nesta quinta-feira (12), na região dos Tribunales, onde ficam as sedes da Justiça Federal.
Cristina denuncia perseguição política e culpa setores da elite e do governo Milei por sua condenação. Em discurso recente, chamou os juízes de “fantoches” e disse que sua prisão “não mudará a situação do povo argentino”. A oposição, por outro lado, trata a decisão como uma vitória institucional contra a impunidade.