Tráfico usa drones com cocaína e paralisa voos em Guarulhos; PF investiga esquema que partia de favela vizinha ao aeroporto
Aeoroporto paralisado
Na noite de quarta-feira (11), o Aeroporto Internacional de Guarulhos teve operações suspensas por 46 minutos devido à presença de drones nas imediações da pista. A interrupção afetou centenas de passageiros e obrigou o redirecionamento de aeronaves para aeroportos como Viracopos, Ribeirão Preto, Galeão e Confins, segundo a FAB.
As aeronaves não tripuladas estavam ligadas a uma operação de tráfico de drogas. Os criminosos usaram os drones para monitorar a movimentação da polícia na região. A Polícia Federal e a Polícia Militar receberam denúncias e agiram ao saber que criminosos lançariam ou acessariam pacotes de droga na área restrita do terminal.
De acordo com a investigação, os traficantes utilizaram uma rota que liga a favela vizinha ao aeroporto à área restrita da pista. As forças de segurança já monitoravam o trajeto. Durante a ação, os traficantes abandonaram três pacotes com 160 kg de cocaína, que a polícia apreendeu em seguida. Os criminosos fugiram para a mata próxima ao local. Ninguém foi preso.
Um agente do aeroporto viu um carro parando e lançando pacotes para indivíduos que estavam do lado de dentro da cerca de segurança do terminal. Para fugir do cerco da Polícia Federal, os traficantes teriam lançado drones para monitorar as posições das viaturas em tempo real.
Caos aéreo
Segundo a GRU Airport, companhias aéreas cancelaram seis voos e alteraram ou atrasaram pelo menos 35 devido à interferência causada pelos drones. A torre suspendeu pousos às 21h25. A torre de controle interrompeu as decolagens às 22h45 e só as retomou por volta das 23h40, após o helicóptero Águia não localizar mais drones sobre a pista.
A Latam informou que mais de 20 voos foram afetados. A Gol cancelou dois voos e alternou dez. A Azul desviou dois voos para aeroportos alternativos. Passageiros relataram ter passado a madrugada no aeroporto ou realocados para hotéis distantes, como em Mogi das Cruzes, para embarques pela manhã seguinte. A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a responsabilidade pelo uso dos drones e o tráfico de entorpecentes. As autoridades notificaram a Anac, mas ela não se pronunciou.
A Anac e o Decea proíbem a operação com drones em um raio de 5,4 km ao redor de aeroportos sem autorização expressa. Entre 5,4 e 9 km, a altitude máxima permitida é de 30 metros. Fora dessa área, drones podem voar até 120 metros, se registrados.
O Código Penal prevê pena de dois a cinco anos para quem expõe aeronaves a perigo, agravada em caso de queda ou colisão. As autoridades consideram o uso ilegal de drones em áreas aeroportuárias uma ameaça grave à aviação civil e à segurança de passageiros e tripulações.