Estatais brasileiras acumulam déficit de R$ 6 bi até novembro de 2024, o pior resultado em 15 anos. Impactos preocupam especialistas e afetam economia
Déficit recorde nas estatais brasileiras
As estatais brasileiras registraram um déficit de R$ 6 bilhões até novembro de 2024, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (30). Esse resultado representa o pior desempenho desde 2009, quando o governo adotou a atual metodologia de cálculo que exclui grandes empresas como Petrobras e Eletrobras. Somente em novembro, o resultado negativo foi de R$ 1,6 bilhão.
O déficit ocorre quando as despesas das estatais superam as receitas, e essa diferença pode ser coberta pelo caixa das próprias empresas ou pelo Tesouro Nacional. O Ministério da Gestão e Inovação destacou que parte do resultado negativo é atribuída a investimentos realizados em anos anteriores, e não representa necessariamente prejuízo operacional. Apesar disso, o saldo acumulado é um indicador preocupante para as contas públicas.
Entre as empresas com maiores déficits no ano estão a Emgepron, ligada a projetos navais (-R$ 2,49 bilhões), os Correios (-R$ 2,19 bilhões), o Serpro (-R$ 590,43 milhões) e a Infraero (-R$ 541,75 milhões). Esses valores refletem desafios estruturais e a pressão financeira sobre as estatais.
Impactos fiscais
Especialistas alertam que o déficit das estatais aumenta os riscos fiscais do país. Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, destacou que “alguém precisa pagar esse déficit, e serão os brasileiros, por meio de impostos ou da redução de investimentos públicos”. O impacto pode se refletir em juros mais altos e pressão cambial.
Gabriel Leal Barros, economista-chefe da Ryo Asset, reforçou a necessidade de uma gestão mais rigorosa das contas estatais. Segundo ele, a continuidade desses déficits pode prejudicar ainda mais a sustentabilidade fiscal e a economia brasileira.
Embora investimentos expliquem parte do rombo, o Tesouro Nacional limita a capacidade de investir em outras áreas ao cobrir essas perdas. Políticas eficazes de controle e redução de custos são essenciais para reverter esse cenário.