Milhares de indígenas acampam em Brasília pelo direito à terra e protestam contra o Marco Temporal e a ausência de demarcações
Neste domingo (6), teve início em Brasília a 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), reunindo milhares de indígenas de diversas regiões do país. O evento, que se estenderá até 11 de abril, tem como principal objetivo reivindicar a demarcação de terras indígenas. Também protesta contra políticas que afetam seus direitos territoriais, como o Marco Temporal.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora do evento, espera a participação de aproximadamente 10 mil indígenas representando cerca de 200 povos. O tema deste ano, “Apib somos todos nós – Em defesa da Constituição e da vida”, destaca a importância da união na luta pelos direitos indígenas.
Críticas ao Marco Temporal
Uma das principais críticas dos participantes é direcionada à tese do Marco Temporal. Ela estabelece que os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Os indígenas argumentam que essa interpretação restringe seus direitos e desconsidera processos históricos de expulsão e deslocamento forçado.
Além disso, o ATL deste ano busca articular a pauta indígena com a realização da COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro. Os povos indígenas pretendem demonstrar que a demarcação de seus territórios é essencial na luta contra as mudanças climáticas.
A programação do ATL inclui debates, plenárias, atos públicos e atividades culturais. Já no domingo, as delegações realizaram um ato público no Eixão de Brasília para divulgar o mote da mobilização deste ano. Um dos momentos mais aguardados é a marcha prevista para terça-feira, 8 de abril, pela Esplanada dos Ministérios, com o lema “Apib Somos Todos Nós: Nosso Futuro não está à venda!”. A mobilização culminará em uma sessão solene na Câmara dos Deputados em homenagem aos 21 anos da mobilização indígena e aos 20 anos da Apib.
Fonte: Agência Brasil