Israel lançou hoje ofensiva aérea e terrestre em Deir al‑Balah, primeiro ataque contra último reduto humanitário central em Gaza
Israel lançou nesta segunda-feira (21) uma ofensiva aérea e terrestre em Deir al‑Balah, no centro da Faixa de Gaza. É a primeira incursão militar dessa intensidade desde o início da guerra em outubro de 2023. A cidade vinha sendo considerada um dos poucos redutos relativamente seguros para milhares de deslocados e abrigava estruturas cruciais para a ajuda humanitária. Tropas e tanques israelenses avançaram por áreas ao sul e leste da cidade, enquanto bombardeios simultâneos atingiram residências, mesquitas e centros de distribuição de alimentos. Pelo menos três civis morreram nos primeiros momentos do ataque, segundo autoridades locais. A Defesa Civil de Gaza também relatou, em outro incidente, a morte de 93 pessoas que aguardavam em filas por comida, evidenciando o agravamento da crise.
A ONU já alertava para o risco iminente de fome generalizada e para o colapso completo da assistência à população. Deir al‑Balah era uma das últimas regiões com infraestrutura minimamente ativa, onde funcionavam depósitos de mantimentos, clínicas e uma unidade de dessalinização da água. A ONU teme que a nova ofensiva destrua até esses recursos e isole ainda mais a população civil. Apesar dos ataques, a OCHA, agência humanitária da ONU, mantém seu escritório no local, e o Diretor-Geral da OMS informou que os bombardeios também atingiram casas de funcionários da organização.
Ataques forçam fuga em massa
Moradores foram obrigados a abandonar a cidade a pé, caminhando por quilômetros em busca de refúgio nas regiões ao sul, mesmo sem garantias de segurança. Equipes humanitárias relataram ter sido alvo de tiros e ameaças enquanto tentavam evacuar. Médicos Sem Fronteiras afirmaram que o medo é tão grande que muitos profissionais não sabem se é mais perigoso ficar ou tentar sair. Diante da escalada da violência, mais de 25 países se manifestaram pedindo o fim imediato das hostilidades. Nações europeias criticaram duramente a recusa de Israel em permitir a entrada de ajuda humanitária nas zonas afetadas. O Papa Leão XIV telefonou para o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para expressar preocupação com os civis e pedir esforços diplomáticos.
O governo do Reino Unido classificou a operação como “intolerável em muitos níveis” e solicitou respeito às convenções internacionais. Segundo dados da ONU, cerca de 87,8% do território de Gaza já foi alvo de ordens de evacuação. Isso significa que apenas 12% da região ainda concentra civis, que estão confinados em áreas superlotadas, sem acesso a água potável, alimentos ou energia elétrica. A ofensiva israelense sobre Deir al‑Balah afeta diretamente o corredor humanitário que ainda operava na região, considerado vital para a sobrevivência de milhares de famílias. Além disso, parentes dos reféns em poder do Hamas manifestaram preocupação com o impacto da ação militar sobre a segurança dos sequestrados.
Reféns sob risco e denúncias de uso da fome como arma
Fontes ligadas ao Exército de Israel afirmaram que reféns podem estar sendo mantidos em Deir al‑Balah, e estimam que ao menos 20 dos 50 ainda vivos estejam nessa área. O avanço militar aumentou a apreensão entre familiares, que temem que os ataques coloquem os reféns em risco direto. Paralelamente, a situação humanitária piora a cada dia. Somente na véspera, 93 civis foram mortos enquanto tentavam conseguir alimentos — um cenário que se repete com frequência nas filas de distribuição de ajuda.
A ONU e diversas ONGs já denunciaram a possível utilização da fome como tática de guerra, diante da obstrução sistemática da entrada de mantimentos e medicamentos. Relatórios de campo apontam que centenas de milhares de pessoas estão atualmente sem acesso a alimentos básicos. A destruição de Deir al‑Balah pode acelerar o colapso total da rede de apoio humanitário em Gaza, comprometendo as operações das agências internacionais. Diante disso, cresce a pressão por um cessar-fogo imediato, com o objetivo de proteger civis e garantir o mínimo de assistência. Governos aliados de Israel vêm pedindo moderação e respeito às normas do direito internacional humanitário. A comunidade internacional acompanha os desdobramentos com crescente inquietação, diante da possibilidade de uma catástrofe ainda maior.