Julgamento histórico nos EUA pode obrigar a Meta a vender Instagram e WhatsApp por prática anticompetitiva. Entenda as acusações e o que está em jogo
Começou nesta segunda-feira (14), em Washington, o julgamento que pode reconfigurar o império digital de Mark Zuckerberg. A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, é acusada de práticas anticompetitivas pela Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC). A ação, aberta em 2020, afirma que as aquisições do Instagram (2012) e WhatsApp (2014) foram estratégias para eliminar rivais promissores. A FTC alega que a empresa criou um monopólio no mercado de redes sociais ao “comprar ou sufocar” concorrentes.
O julgamento acontece no Tribunal Distrital do Distrito de Columbia e deve durar até julho. Estão previstos depoimentos de figuras importantes como o próprio Zuckerberg, a ex-COO Sheryl Sandberg e o chefe do Instagram, Adam Mosseri. Um dos principais documentos que sustentam a acusação é um e-mail de Zuckerberg onde ele afirma: “É melhor comprar do que competir”. A FTC quer que a Justiça obrigue a Meta a vender o Instagram e o WhatsApp como forma de restaurar a concorrência.
Meta se defende e aponta interferência política
A Meta afirma que atua em um mercado altamente competitivo, disputando espaço com TikTok, YouTube, Apple e outras gigantes. Segundo a empresa, suas plataformas são benéficas aos consumidores e anunciantes. Zuckerberg estreitou relações com a nova gestão Trump, inclusive com doações à posse presidencial. Mesmo assim, o atual presidente da FTC, Andrew Ferguson, segue firme na ação. A Meta considera o julgamento um retrocesso jurídico perigoso, capaz de desestabilizar futuras fusões no mercado.
A separação do Instagram e WhatsApp traria perdas significativas. Só o Instagram é responsável por mais de 50% da receita publicitária da empresa nos EUA. Já o WhatsApp domina o mercado de mensagens em países como o Brasil. Se condenada, a Meta ainda enfrentará outro julgamento para definir como a venda dos aplicativos devolveria a competitividade ao mercado. O caso pode abrir precedente para ações contra outras big techs como Google, Amazon e Apple.