Megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão resultou em 121 mortos e paralisação da cidade; entenda o que se sabe até agora
O que aconteceu
Nesta terça-feira (28), a polícia do estado do Rio de Janeiro deflagrou uma megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da cidade. O governo estadual informou que 121 pessoas morreram na ação até esta quarta-feira (29), sendo quatro delas policiais. A operação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes civis e militares, com bloqueios nas vias, suspensão de aulas em 83 escolas e paralisação de linhas de ônibus.
Moradores relataram que dezenas de corpos foram localizados em áreas de mata e transportados até a Praça São Lucas, na Penha. Autoridades consideram a ação a mais letal da história do estado do Rio de Janeiro. A polícia informou que planejou a ofensiva por cerca de 60 dias para atingir a facção Comando Vermelho (CV).
Moradores afirmam que o número de mortos pode ser ainda maior, já que muitos familiares levaram os corpos diretamente, sem fazer registro imediato. O choque tomou a cidade ao amanhecer, e a interrupção de diversos serviços impactou diretamente a rotina local.
Estratégia, apreensões e confrontos
O secretário da Polícia Militar do Estado do Rio, Marcelo de Menezes, explicou que a tática utilizada incluiu o chamado “Muro do BOPE”, no qual agentes entraram pela área da Serra da Misericórdia para cercar criminosos e empurrá-los para a mata, onde outras equipes estavam posicionadas.
A operação resultou em 113 presos, sendo 33 de outros estados. A polícia apreendeu 118 armas, incluindo 90 fuzis, 26 pistolas e um revólver. Eles também confiscaram 14 artefatos explosivos, centenas de carregadores e milhares de munições. Há relatos de que criminosos utilizaram drones com bombas e barricadas incendiadas para retardar o avanço policial.
Especialistas em segurança pública chamaram a ação de desorganizada e questionaram a proporcionalidade da força empregada, apontando risco de violações de direitos humanos. O governador do Rio, Cláudio Castro, classificou a operação como um “sucesso”, afirmando que a missão teve como objetivo proteger a população.
Impactos sociais, políticos e legais
Nas comunidades envolvidas, o impacto social foi gravíssimo. Moradores da Penha relataram ter encontrado corpos com marcas de facadas, tiros e até decapitação antes da retirada oficial. Muitos ficaram impedidos de sair ou entrar em casa devido aos bloqueios. Fecharam as ruas e o transporte público sofreu interrupções graves.
Politicamente, a operação reacendeu debates sobre a militarização da segurança pública, o papel da polícia e a fiscalização de ações em comunidades vulneráveis. Juristas e ONGs sugerem que o episódio pode motivar investigações da Defensoria Pública e até da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
No campo legal, questiona-se se houve cumprimento adequado dos protocolos internacionais de direitos humanos e se vítimas inocentes foram atingidas. A operação marca um capítulo sem precedentes na segurança pública do Rio, com consequências que atravessam os campos operacional, comunitário, jurídico e político.







