Ouro bate recorde histórico acima de US$ 4.000/oz, em meio ao shutdown nos EUA e expectativas de cortes nos juros
Nesta terça-feira (7), o ouro superou pela primeira vez a marca de US$4.000 por onça-troy, sob forte demanda por ativos de refúgio. A paralisação parcial do governo americano (shutdown) elevou o temor de níveis mais altos de incerteza econômica. Com dados oficiais atrasados, investidores recorrem a relatórios alternativos para avaliar a saúde da economia. A expectativa de cortes de juros pelo Fed torna o ouro mais atraente, já que não oferece rendimento. Na sessão da manhã, o metal avançou 0,65%, alcançando US$4.002,20 por onça.
Os fundos negociados em bolsa (ETFs) de ouro registraram entrada expressiva de capital. O rali já dura sete semanas consecutivas e acumula alta superior a 50% no ano. Operadores de opções reforçaram apostas na valorização futura, ampliando posições compradas. Em Nova York, o contrato futuro para dezembro fechou acima de US$4.004,40 por onça. Fontes consultadas destacam que bancos centrais também intensificam compras do metal como proteção contra volatilidade cambial e monetária. Apesar da amplitude do movimento, analistas alertam para risco de correções em caso de reversão nas perspectivas monetárias.
Fatores que alimentam a escalada
O shutdown nos EUA interrompeu a divulgação de dados econômicos essenciais como emprego e inflação, agravando a opacidade do cenário macro. A falta de transparência alimenta a busca por ativos seguros como ouro. A cotação elevada também reflete apostas de que o Fed fará cortes nos juros ainda neste mês, medida que favoreceria ativos sem rendimento. Bancos centrais, especialmente da Ásia e Oriente Médio, seguem diversificando reservas e elevando compras do metal. Investidores varejistas migraram recursos para ETFs de ouro, intensificando o movimento altista.
Tradicionalmente, em cenários de moeda que perde força, o ouro serve como proteção contra desvalorização. Alguns gestores relacionam o boom metafórico do ouro à insegurança com a estabilidade do dólar. Operadores de opções executaram estratégias agressivas de compra (“calls”) apostando em valorização adicional. Mesmo diante de alerta sobre condições “sobrecompradas”, muitos analistas projetam novos recordes ao longo de 2026. A TD Securities estima que o ouro possa alcançar US$4.400 até meados do próximo ano.
Riscos, cenários e perspectivas futuras
O principal risco reside em uma reversão abrupta na política monetária: se o Fed descartar corte ou recuar ante pressões inflacionárias, o ouro pode sofrer recuo expressivo. A alta volatilidade no mercado financeiro pode amplificar oscilações de preço. Alguns analistas sugerem que o metal já esteja “excessivamente comprado” e que uma correção tática seria saudável. Cenários críticos incluem anúncios de dados econômicos positivos que reduzam o apetite por segurança. A continuidade do shutdown, se prolongada, pode sustentar o apoio ao ouro.
Outro catalisador possível é a escalada geopolítica global, que tende a reforçar o status de “porto seguro” do ouro. Em tese, o metal poderia avançar até níveis inéditos, ultrapassando US$4.400 ou mais, se as condições externas se mantiverem adversas. Para investidores, vale monitorar discursos de autoridades do Fed, sinais de inflação e reajustes nas expectativas de juros. Também será importante observar os fluxos dos grandes fundos e compras de bancos centrais. Por fim, uma eventual correção pode se apresentar como oportunidade de entrada para quem busca exposição com risco controlado diante da tendência.







