A prévia da inflação de fevereiro registra 1,23%, impulsionada por aumentos na energia elétrica e educação, segundo dados do IBGE
A prévia da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou alta de 1,23% em fevereiro de 2025, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior aumento do indicador desde abril de 2022, quando chegou a 1,73%.
Em janeiro, o IPCA-15 havia subido apenas 0,11%, mostrando uma aceleração expressiva na inflação. O acumulado dos últimos 12 meses chegou a 4,96%, ultrapassando o teto da meta de inflação do governo, que é de 4,5%.
Os números divulgados indicam que os preços estão subindo de maneira mais intensa do que o esperado pelo mercado, que projetava um aumento médio de 1,37%, com estimativas variando entre 0,56% e 1,53%.
Setor de habitação é o maior vilão da inflação
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete registraram aumento de preço em fevereiro. O grupo habitação foi o principal responsável pela alta da inflação, com crescimento de 4,34%, contribuindo com 0,63 ponto percentual para o IPCA-15 do mês.
Dentro desse grupo, a energia elétrica foi o subitem com maior impacto, subindo 16,33% e pressionando o indicador em 0,54 ponto percentual. Esse aumento foi causado pelo fim do Bônus Itaipu, um desconto aplicado nas contas de luz em janeiro que reduziu temporariamente os preços em 15,46%. Com o fim desse benefício, os preços voltaram ao patamar anterior, refletindo diretamente na inflação de fevereiro.
A taxa de água e esgoto também subiu 0,52%, influenciada pelos reajustes tarifários aplicados em Belo Horizonte (6,42%) e Porto Alegre (6,45%).
Educação também impacta inflação
O segundo grupo com maior impacto foi o de educação, que subiu 4,78% e contribuiu com 0,29 ponto percentual para o IPCA-15. O avanço reflete os reajustes de mensalidades escolares, que ocorrem tradicionalmente no início do ano letivo.
Os cursos regulares registraram alta de 5,69%, com destaque para o ensino fundamental (7,50%), ensino médio (7,26%) e ensino superior (4,08%).
Transportes e alimentos registram variações mistas
O grupo de transportes teve um aumento de 0,44%, com impacto de 0,09 ponto percentual no índice geral. Os combustíveis foram os principais responsáveis por essa alta, subindo 1,88%. O etanol aumentou 3,22%, o diesel 2,42% e a gasolina 1,71%. Por outro lado, as passagens aéreas apresentaram queda expressiva de 20,42%, ajudando a conter um aumento ainda maior no grupo.
No setor de alimentos, a inflação desacelerou em relação a janeiro. O grupo alimentação e bebidas subiu 0,61%, abaixo da alta de 1,06% registrada no mês anterior. O maior aumento foi do café moído, que ficou 11,63% mais caro, sendo o subitem com maior pressão de alta (0,06 ponto percentual).
Perspectivas e impactos para a economia
Com a inflação em níveis elevados, o Banco Central pode reconsiderar sua estratégia para a taxa Selic, utilizada para controlar os preços. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, após um ciclo de alta para conter a inflação nos últimos anos.
A alta nos preços pode impactar o poder de compra das famílias e aumentar os custos para empresas, o que pode levar a uma revisão das projeções econômicas para 2025.
A divulgação do IPCA completo, prevista para 12 de março, será um indicador importante para entender a tendência da inflação e as próximas decisões de política monetária.