O preço da energia elétrica residencial subiu 16,8% em fevereiro, impulsionando a inflação a 1,31%, o maior índice desde 2003
Energia elétrica aumenta 16,8%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, registrou uma alta de 1,31% em fevereiro de 2025, sendo o maior aumento para este mês desde 2003. Um dos principais responsáveis por esse aumento foi o preço da energia elétrica residencial, que subiu 16,80%. Esse aumento é uma consequência direta da normalização dos preços após o desconto aplicado nas contas de janeiro, devido ao Bônus de Itaipu, que trouxe uma redução temporária das tarifas.
Em janeiro, os consumidores brasileiros receberam um desconto significativo nas contas de energia devido ao repasse de um saldo positivo de R$ 1,3 bilhão gerado pela hidrelétrica de Itaipu. Esse bônus foi concedido a consumidores com consumo abaixo de 350 kWh, beneficiando cerca de 78 milhões de pessoas. A média de redução foi de R$ 16,66, mas chegou a até R$ 49 em algumas faturas. No entanto, em fevereiro, a normalização do preço da energia elétrica causou uma alta expressiva, com impacto de 0,65 ponto percentual sobre o IPCA, especialmente no grupo de Habitação.
Bônus de Itaipu
O Bônus de Itaipu foi uma medida extraordinária para reduzir os impactos da crise hídrica e da pandemia, beneficiando consumidores residenciais e rurais. Contudo, com o término dessa bonificação, o preço da energia elétrica disparou em fevereiro. A forte alta nos preços de energia reflete a recomposição das tarifas após um mês de tarifas mais baixas. Esse movimento de elevação de preços, aliado ao reajuste das tarifas de serviços essenciais, tem pressionado o orçamento dos consumidores.
Além disso, os preços de outros itens essenciais também impactaram a inflação de fevereiro. Os combustíveis, por exemplo, apresentaram um aumento de 0,61%, com destaque para o preço do óleo diesel, que subiu 4,35%. Já a alimentação e bebidas tiveram uma alta de 0,70%, com o ovo de galinha (15,39%) e o café moído (10,77%) liderando as altas. Por outro lado, a batata-inglesa (-4,10%) e o leite longa vida (-1,04%) tiveram queda nos preços, ajudando a moderar a inflação no setor de alimentos.
Impacto da inflação
A aceleração da inflação, que registrou 1,31% em fevereiro, é um reflexo das pressões em vários setores da economia, como energia elétrica, combustíveis e alimentos. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação subiu para 5,06%, superando o teto da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. Esse avanço da inflação coloca em xeque as projeções de crescimento econômico para 2025 e pode levar o Banco Central a adotar novas medidas de controle, como aumentos na taxa de juros.
A inflação também foi influenciada pelo aumento nas mensalidades escolares, que subiram 4,70%, refletindo reajustes das escolas privadas para o ano letivo. A inflação de serviços, por sua vez, continua pressionada pela alta demanda, resultado do mercado de trabalho aquecido e o aumento do consumo. Entre os serviços que mais pesaram sobre o orçamento das famílias estão as mensalidades escolares, aluguel residencial, serviços de beleza e alimentação fora do domicílio.
Desafios para 2025
A inflação de fevereiro é um reflexo de uma economia que ainda enfrenta dificuldades para controlar os preços, especialmente nos setores de energia e serviços. O Banco Central, que já aumentou a taxa de juros para 13,25% ao ano, pode continuar elevando a Selic para conter a inflação. A alta nos preços de energia elétrica e combustíveis, que são itens administrados, e a pressão nos preços de serviços, que são determinados pela demanda, exigem que o governo adote medidas adicionais para controlar a inflação.
O cenário de inflação crescente pode afetar diretamente a capacidade de consumo das famílias brasileiras, especialmente das mais vulneráveis. Com a inflação acumulada em 12 meses acima de 5%, as expectativas para 2025 são de mais desafios econômicos pela frente. Além disso, a alta da energia elétrica e de outros serviços essenciais torna a vida mais cara para a população, o que pode influenciar negativamente na recuperação econômica.