Princesa Kako homenageia imigrantes, planta cerejeira e reforça laços entre Brasil e Japão em visita a Maringá no Ano da Amizade
Homenagem às raízes japoneses
A princesa Kako de Akishino, membro da família imperial do Japão, foi calorosamente recepcionada neste domingo (8) em Maringá, Noroeste do Paraná. Em sua primeira agenda oficial no estado, a princesa participou de uma solenidade na Associação Cultural e Esportiva de Maringá (ACEMA), onde foi homenageada pela comunidade nipo-brasileira. A visita integra as comemorações dos 130 anos das relações diplomáticas entre Japão e Brasil, celebradas oficialmente como o “Ano do Intercâmbio da Amizade”.
Durante o evento, Kako assistiu a apresentações de danças e tambores tradicionais japoneses e se encontrou com jovens nikkeis — descendentes de imigrantes japoneses. Um dos momentos mais simbólicos foi o ato de regar uma cerejeira recém-plantada na sede da ACEMA, como gesto de respeito à cultura ancestral e continuidade dos laços entre os povos. A árvore, segundo a tradição japonesa, representa longevidade, renovação e memória.
Princesa reverencia trajetória dos imigrantes no Paraná
Em discurso emocionado, a princesa destacou a importância do legado dos pioneiros japoneses que chegaram ao Brasil e, especificamente, ao Paraná há mais de um século. “Já se passaram mais de 100 anos desde que os imigrantes japoneses começaram a se estabelecer no Paraná. Em memória a eles, voltei ao caminho que percorreram mais de um século atrás”, declarou.
Ela também fez questão de exaltar a perseverança dos primeiros imigrantes, que enfrentaram adversidades no cultivo de café, na adaptação cultural e na preservação de valores. “Expresso meu profundo respeito aos imigrantes e seus descendentes, que, apesar das dificuldades enfrentadas, se esforçaram diariamente e têm contribuído com a sociedade brasileira”, afirmou.
Atualmente, o Brasil abriga a segunda maior comunidade japonesa fora do Japão, com cerca de 2,7 milhões de descendentes. Só no Paraná, são aproximadamente 276 mil pessoas, número que coloca o estado como o segundo maior polo de imigração nipônica no país, atrás apenas de São Paulo.
Maringá reforça papel como ponte cultural com o Japão
O prefeito de Maringá, Silvio Barros, ressaltou que a cidade é uma das poucas no Brasil a receber repetidamente membros da realeza japonesa. “O governo e a família imperial japonesa têm uma grande consideração pela nossa cidade e pela comunidade nipônica aqui estabelecida. Contribuímos com isso, criando o Parque do Japão, o maior jardim japonês do país”, disse.
A cidade mantém uma relação de irmandade com a cidade de Kakogawa, no Japão — laço representado por avenidas homônimas em cada país e por um marco físico: a réplica da Catedral de Maringá, que integra o cenário urbano da cidade irmã japonesa. Para o presidente da ACEMA, Afonso Akioshi Shiozaki, a visita reforça o simbolismo da cultura japonesa e a tradição de preservar raízes. “Na cultura japonesa, plantar uma árvore significa deixar uma lembrança viva. Ela ficará por décadas como memória da visita”, explicou.
Agenda inclui outras cidades
A agenda de Kako no Paraná seguirá nesta segunda-feira (9) com visitas a Rolândia e Londrina, onde deve se encontrar com o governador Carlos Massa Ratinho Junior. Nos dias 14 e 15 de junho, a princesa visitará Foz do Iguaçu, onde conhecerá as Cataratas do Iguaçu e se encontrará com membros da comunidade japonesa local.
A visita faz parte da ampla programação da Casa Imperial para reforçar os laços bilaterais entre Brasil e Japão. Desde o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, firmado em Paris em 1895, os dois países mantêm relações diplomáticas estáveis e frutíferas. O marco inicial da imigração japonesa se deu em 18 de junho de 1908 com a chegada do navio Kasato Maru ao porto de Santos.
No Paraná, os primeiros imigrantes chegaram em 1912, estabelecendo-se no Norte do estado para atuar nas lavouras de café. Além da celebração dos 130 anos diplomáticos, o estado também mantém acordos de cooperação com a província japonesa de Hyogo há mais de cinco décadas.