A tarifa de ônibus em SP sobe para R$ 5 em 2025, após quatro anos congelada. Veja detalhes sobre impacto, justificativas e controvérsias
Reajuste de tarifa
A partir de 6 de janeiro, os usuários de ônibus na capital paulista enfrentarão uma tarifa mais cara: o valor sobe de R$ 4,40 para R$ 5. Este aumento de 13,6%, anunciado no final de dezembro de 2024, é o maior desde 2015, quando a tarifa subiu 16,67%.
A Prefeitura de São Paulo justificou o reajuste com base na defasagem acumulada pela inflação. Desde o último aumento, em 2020, a inflação acumulada foi de aproximadamente 32%, enquanto a tarifa permaneceu congelada. Segundo cálculos da SPTrans, para uma recomposição completa das perdas, a passagem deveria custar R$ 5,84.
Além da inflação, outros fatores influenciaram a decisão, como o aumento dos preços do diesel, o reajuste salarial dos trabalhadores do setor e a alta do dólar, que impacta na aquisição de insumos. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) também destacou que, embora o reajuste seja necessário, ele buscou minimizar o impacto sobre os usuários mantendo o valor abaixo do índice inflacionário.
Impactos para os usuários
O aumento afeta diretamente milhões de pessoas que dependem do transporte público. Diariamente, cerca de 8 milhões de viagens são realizadas no sistema de ônibus da capital. A Prefeitura garantiu que as gratuidades e benefícios, como o passe livre para estudantes e idosos, continuam valendo. Além disso, a integração entre até quatro ônibus no período de três horas permanece ativa.
Entretanto, a decisão gerou críticas. Uma ação popular movida por parlamentares do PSOL tentou barrar o aumento, alegando falta de transparência na reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT). Segundo eles, o encontro ocorreu sem convocação prévia e participação popular. O Tribunal de Justiça de São Paulo, no entanto, manteve o reajuste, considerando que não havia justificativa suficiente para suspender a medida.
O impacto financeiro também é um ponto central. Em 2024, o sistema de transporte público da cidade custou R$ 11,4 bilhões, enquanto arrecadou R$ 11,3 bilhões. Para equilibrar as contas, a Prefeitura desembolsou R$ 6,7 bilhões em subsídios. Segundo a SPTrans, cada R$ 0,10 de aumento na tarifa representa uma arrecadação extra de R$ 106 milhões anuais.
Perspectivas para o transporte público
Apesar da necessidade de reajuste, a qualidade do transporte público continua sendo alvo de críticas. Representantes da sociedade civil questionaram a SPTrans sobre a eficiência do sistema, a renovação da frota e problemas operacionais durante a reunião do CMTT. A gestão municipal, por sua vez, afirma que o reajuste é uma medida essencial para evitar o colapso financeiro do sistema.
A última vez que um aumento similar ocorreu foi em 2015, durante a gestão de Fernando Haddad (PT). Na época, o reajuste também enfrentou resistência popular e levou a intensos debates sobre a acessibilidade do transporte público. Para muitos, o novo valor reacende discussões sobre a necessidade de subsídios mais robustos e políticas para melhorar o transporte coletivo em São Paulo.
Com o novo reajuste, o preço dos ônibus municipais se equipara ao do Metrô e da CPTM, que também serão reajustados para R$ 5,20 na mesma data. Essa paridade busca simplificar a integração entre os modais, mas amplia o peso financeiro para os usuários regulares.
O aumento da tarifa levanta questões importantes sobre mobilidade urbana, acessibilidade e o papel do transporte público na maior cidade do Brasil. Se por um lado o reajuste ajuda a financiar o sistema, por outro, amplia o desafio para garantir que ele continue acessível e eficiente para todos.