Semana de Moda de Milão apresenta a última coleção de Giorgio Armani, um tributo emocionante ao mestre italiano
A Semana de Moda de Milão, dedicada às coleções primavera-verão 2026, começou no dia 23 de setembro e se encerra em 30 de setembro. O evento reuniu desfiles de grandes marcas italianas e internacionais, mas seu ápice ocorreu neste domingo (28), com a apresentação da última coleção concebida pessoalmente por Giorgio Armani. O desfile foi realizado no claustro da Pinacoteca di Brera, espaço histórico que acolheu uma atmosfera de reverência.
O estilista, falecido no começo deste mês, em 4 de setembro aos 91 anos, havia preparado esse espetáculo como celebração dos 50 anos da maison, que acabou transformado em um tributo póstumo. Sob iluminação em tons âmbar e lanternas, modelos atravessaram a passarela ao som do piano de Ludovico Einaudi. Entre os convidados estavam Cate Blanchett, Richard Gere, Glenn Close e Spike Lee, todos vestidos a rigor. A modelo Agnese Zogla desfilou com um vestido azul no encerramento e recebeu uma ovação de pé do público. A comoção aumentou quando Silvana Armani e Leo Dell’Orco, responsáveis pela continuidade criativa da marca, apareceram para agradecer os aplausos.
A coleção “Pantelleria, Milão”
Batizada de “Pantelleria, Milão”, a coleção dialoga entre a intimidade e a grandiosidade. Pantelleria, ilha no Mediterrâneo, era o refúgio pessoal do estilista, enquanto Milão representava sua base criativa e empresarial. As peças exploraram uma paleta de cinza, azul profundo e verde-escuro, refletindo a natureza mediterrânea e a sobriedade urbana.
A alfaiataria leve, fluida e minimalista manteve a essência do estilo Armani, combinando vestidos de gala e roupas do dia a dia em uma narrativa elegante e atemporal. O museu apresentou uma retrospectiva com 120 peças icônicas durante o desfile e criou um elo entre passado e presente. Essa junção reforçou o caráter simbólico de despedida e projetou a ideia de que o legado Armani se mantém como referência estética universal.
Impacto na cena da moda e futuro da maison
A Semana de Moda deste ano ganhou ainda mais relevância por apresentar estreias em casas como Gucci, Versace, Bottega Veneta e Jil Sander. No entanto, foi o adeus a Armani que centralizou atenções. No testamento, o estilista prevê que, em até 18 meses, a empresa venda 15% a grupos estratégicos como LVMH, L’Oréal ou EssilorLuxottica, preservando sua independência. Enquanto isso, a família e Leo Dell’Orco assumem a continuidade criativa e empresarial.
O desafio será manter a identidade de Armani diante das pressões do mercado global de luxo, que enfrenta retração nas vendas e questionamentos sobre relevância. A transição da maison é observada como exemplo de sucessão em marcas fundadas por grandes nomes.
A noite foi marcada também por declarações emocionadas. Cate Blanchett lembrou o caráter filantrópico do estilista, enquanto Spike Lee destacou sua humanidade e compromisso social. Muitos viram no desfile uma “coreografia de despedida” escrita pelo próprio Armani, que até seus últimos dias se dedicou ao detalhamento do evento. O clima solene foi reforçado pelo código de vestimenta: smoking e vestidos de gala, alguns convidados trajando camisetas estampadas com retratos do estilista em sua juventude.
O público recebeu o espetáculo como uma celebração de legado e continuidade. O encerramento da Semana de Moda de Milão, agora seguido pela temporada de Paris, deixa na memória a sensação de que o adeus de Armani também abre espaço para novas narrativas no mundo fashion, sem apagar sua influência duradoura.






