No país, os crimes digitais cresceram rapidamente em 2025. Saiba por que órgãos públicos, empresas e cidadãos estão cada vez mais vulneráveis
Nos últimos anos, o Brasil tem se tornado palco de um aumento expressivo nos ataques cibernéticos, que não poupam órgãos públicos, grandes empresas nem usuários comuns. Em 2025, a situação ganhou novas proporções: casos recentes incluem desde desvios milionários via Pix em instituições financeiras até vazamentos de dados em larga escala, como o alerta da Meta sobre o vazamento de 16 bilhões de senhas em aplicativos da Apple, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e Google, evidenciando que nenhuma instituição está realmente protegida.
De acordo com o portal Ransomware.live, só em 2025 já foram identificadas pelo menos 87 organizações vítimas de ataques de ransomware, atingindo diferentes setores da economia. No caso do setor público, dados do CTIR (Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes de Governo) revelam que, até julho deste ano, o número de ataques que paralisaram serviços e sistemas já superou todo o volume registrado em 2021, 2022 e 2023, períodos em que os incidentes não chegaram a 5.000.
Brasil na mira dos cibercriminosos
Para o perito internacional em crimes digitais, Wanderson Castilho, o avanço da tecnologia, e a quantidade de dados digitais gerados e armazenados aumentou significativamente o número de vazamentos, criando mais oportunidades para eles serem acessados indevidamente ou expostos. Além disso, o especialista explica que muitos deles também ocorrem devido a ações negligentes dos próprios usuários e baixa maturidade em cibersegurança nas organizações.
O especialista aponta que o Brasil se tornou um dos principais alvos de criminosos digitais por uma combinação de fatores: a alta adesão da população a meios de pagamento instantâneos como o Pix, o grande volume de usuários conectados à internet e a falta de maturidade em cibersegurança de muitas empresas e órgãos públicos. Soma-se a isso a sensação de impunidade, já que a maioria dos ataques não resulta em punições efetivas, o que encoraja a prática de novos crimes virtuais.
“À medida que utilizamos o mundo digital, também nos expomos a um risco crescente de vazamentos de dados. Isso porque, nessa era digital, nossas informações pessoais e empresariais se tornaram valiosas commodities para os criminosos, que enxergam na vulnerabilidade dos dados uma oportunidade bastante lucrativa. Por isso, todo cuidado é pouco” alerta Castilho.
O que é vazamento de dados, como acontece e seus impactos
Um vazamento de dados envolve a exposição de informações pessoais sensíveis, como nomes, endereços, números de telefone, documentos de identificação, dados financeiros, registros médicos e senhas. Esse tipo de incidente pode ocorrer por diferentes motivos, incluindo ataques cibernéticos, falhas em sistemas de criptografia ou até descuidos dos próprios usuários.
Segundo o especialista, os efeitos de um vazamento podem ser ainda mais graves do que aparentam. “Quando os dados pessoais vazam, os cibercriminosos passam a ter informações estratégicas para criar golpes mais sofisticados e direcionados. É muito comum que os fraudadores usem esses dados para roubo de identidade, extorsão e ataques de phishing“, explica.
Para se proteger no ambiente digital, Castilho recomenda adotar práticas simples, mas eficazes, como criar senhas fortes, ativar a autenticação em duas etapas, manter softwares sempre atualizados e desconfiar de links suspeitos ou downloads de fontes desconhecidas. No entanto, a responsabilidade não deve recair apenas sobre os usuários: “as empresas também precisam investir de forma contínua em segurança da informação, garantindo sistemas mais robustos, políticas internas claras e capacitação de colaboradores. Afinal, a proteção dos dados exige tanto a conscientização individual quanto um compromisso organizacional sério com a cibersegurança”, finaliza o especialista.







