Hamas entrega lista com prisioneiros para negociação de troca por reféns e sinaliza otimismo nas negociações de paz mediadas no Egito
Listas trocadas e avanço nas negociações
O Hamas anunciou nesta quarta-feira (8) que entregou a Israel uma lista com nomes de prisioneiros palestinos para futura troca por reféns israelenses. A iniciativa ocorre no terceiro dia de negociações indiretas realizadas em Sharm el-Sheikh, no Egito, com o objetivo de alcançar um cessar-fogo e libertar os 48 reféns mantidos no enclave.
De acordo com o movimento palestino, entre os nomes estão 20 reféns ainda vivos, bem como prisioneiros palestinos que podem integrar o acordo de troca. Fontes próximas às negociações afirmam que os primeiros pontos do acordo já foram apresentados, abordando o cronograma e o mecanismo da troca.
Israel, por sua vez, insiste que o Hamas aceite o desarmamento como condição para qualquer trégua, o que ainda é motivo de resistência. Autoridades israelenses indicam que avaliarão cada nome caso a caso e não libertarão presos ligados aos ataques de 7 de outubro de 2023. Mediadores internacionais destacam que, embora o clima seja mais ameno, há muitos detalhes pendentes antes de um acordo definitivo.
Mediações diplomáticas ganham força
As negociações no Egito contam com presença de figuras políticas de peso. Os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner se juntam às conversas, ao lado do primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e do chefe de inteligência da Turquia, Ibrahim Kalin.
Khalil Al Hayya, principal negociador do Hamas, declarou que o grupo exige garantias de que a guerra em Gaza terminará definitivamente, afirmando que “não confia em Israel”. O ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, próximo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, também participa das negociações.
O plano de paz proposto por Donald Trump prevê a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza, o fim dos combates e a libertação dos reféns. Netanyahu apoia a proposta, mas mantém a exigência do desarmamento do Hamas como etapa indispensável. A Turquia, a pedido de Trump, atua como mediadora e tenta convencer o grupo palestino a aceitar os termos de paz.
Conflito e dilemas humanitários
O ataque de 7 de outubro de 2023, que marcou o início da guerra, deixou mais de 1.200 mortos em Israel, em sua maioria civis. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 48 permanecem reféns. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que devastou Gaza, resultando em mais de 67 mil mortes, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A ONU declarou estado de fome em partes do território e acusa Israel de crimes de guerra, enquanto o governo israelense nega as alegações. A população palestina aguarda a libertação de 250 prisioneiros políticos, incluindo Marwan Barghouti, considerado símbolo da resistência na Cisjordânia.
A troca de listas entre Israel e Hamas representa um avanço simbólico, mas ainda não garante a libertação imediata dos reféns nem o cessar-fogo. Segundo diplomatas envolvidos, o dia é considerado “crucial” para o progresso das negociações e pode definir o rumo do possível acordo de paz.






