J&F vai pagar US$ 2,7 bi à Paper Excellence e encerrará a maior disputa societária do país, envolvendo o controle da Eldorado Celulose
Acordo bilionário encerra litígio de oito anos
A J&F Investimentos, holding da família Batista, firmou um acordo com a Paper Excellence para adquirir os 49,41% restantes da Eldorado Brasil Celulose por US$2,7 bilhões. O contrato será assinado nesta quinta-feira (15), encerrando a maior disputa societária da história empresarial brasileira. O valor pago representa quase 10 vezes o Ebitda da Eldorado, refletindo a valorização da empresa desde a entrada da Paper em 2017.
A Paper Excellence havia adquirido sua participação por R$3,8 bilhões, e agora venderá por aproximadamente R$15 bilhões, considerando a cotação atual do dólar. Advogados das partes negociaram o acordo sem que os acionistas se encontrassem diretamente.
Conflito envolveu arbitragens e disputas judiciais
A disputa teve início em 2017, quando a J&F concordou em vender 100% da Eldorado para a Paper Excellence por R$15 bilhões. Após o pagamento inicial e transferência de 49% das ações, o negócio travou em 2018. A Paper acusou os Batista de dificultarem a liberação de garantias, enquanto a J&F alegava que o grupo indonésio não havia cumprido condições contratuais.
O conflito se estendeu por arbitragens em Paris, denúncias criminais no Brasil, discussões no Supremo Tribunal Federal (STF) e questionamentos sobre compra de terras por estrangeiros. Nos últimos meses, a Paper perdeu força política na Eldorado, com decisão do Cade suspendendo seu direito a voto na empresa.
Implicações para o setor de celulose
Com o acordo, a J&F retoma o controle integral da Eldorado, uma das maiores produtoras de celulose de eucalipto do país, com capacidade de produção superior a 1,7 milhão de toneladas por ano. A indefinição em torno do controle da empresa travou investimentos estimados em mais de R$10 bilhões, além de comprometer decisões estratégicas e de financiamento.
A Paper Excellence, por sua vez, seguirá com seus planos de expansão em outros mercados. Desde a tentativa de aquisição da Eldorado, a empresa fez aquisições no Hemisfério Norte e mantém o plano de ser a principal empresa de papel e celulose das Américas.