Javier Milei suspende a produção de pesos pela Casa da Moeda argentina, optando por notas estrangeiras e levantando críticas sobre soberania e economia do país
Argentina interrompe produção de pesos
O presidente argentino Javier Milei ordenou a suspensão da impressão de cédulas pela Casa da Moeda argentina, marcando uma mudança significativa na política monetária do país. Desde 1875, a Casa da Moeda é responsável por produzir as notas argentinas, mas, com a nova diretriz, o Banco Central passa a receber cédulas de fornecedores estrangeiros. Essa decisão, justificada pelo governo como um ajuste econômico, tem gerado críticas dos sindicatos e especialistas, que alertam para o impacto na “soberania econômica” do país.
O governo contratou a estatal chinesa Banknote Printing and Minting Corporation, que agora fornece notas de valores altos, como as de 10.000 e 20.000 pesos. Os responsáveis pela produção têm preferido essas cédulas, que representam valores entre R$ 58 e R$ 116, devido ao custo de produção mais baixo. A intervenção, segundo o governo, tem o objetivo de reduzir custos operacionais, já que a inflação elevada desvalorizou as notas de valores menores, como as de 1.000 e 2.000 pesos.
Reestruturação e dívidas elevadas na Casa da Moeda
Além da suspensão, o governo anunciou uma intervenção de 180 dias na Casa da Moeda. Durante esse período, os funcionários responsáveis pela impressão serão direcionados a férias ou redistribuídos em outros departamentos. A medida é resultado das crescentes dificuldades financeiras da Casa da Moeda, que acumula uma dívida de aproximadamente US$ 400 milhões. Segundo o porta-voz presidencial, a intervenção tem como objetivo avaliar opções para reestruturar ou privatizar parcialmente a entidade.
A dívida crescente da Casa da Moeda vem se arrastando desde administrações anteriores, agravada pela alta inflação. Em resposta, o Banco Central também cancelou contratos antigos, justificando altos custos e atrasos na entrega de cédulas. Com isso, o governo busca uma solução mais rentável e com menor risco de atrasos. Para os sindicatos, porém, essa decisão enfraquece a autonomia da Argentina, transferindo uma função essencial para empresas internacionais, o que poderia aumentar a vulnerabilidade do país em um cenário econômico volátil.
Impactos na soberania e no futuro monetário da Argentina
A Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) reage fortemente e alerta que a suspensão é um ataque à autonomia do país. A entidade afirma que a medida pode ser um prelúdio para a privatização total da Casa da Moeda. Críticos argumentam que, ao depender de fornecedores estrangeiros, a Argentina corre o risco de comprometer sua soberania econômica em um momento de crise financeira.
O futuro da Casa da Moeda ainda é incerto. Javier Milei sugeriu que o governo pode privatizar completamente a empresa ou reduzi-la a funções administrativas menores, como a emissão de documentos oficiais. O governo deve anunciar a decisão sobre o destino da instituição após o período de intervenção. Com o aumento da inflação e o peso cada vez mais enfraquecido, as cédulas de alto valor devem continuar em circulação. O governo considera ainda a viabilidade de implementar uma dolarização, medida defendida por Milei para estabilizar a economia argentina.